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O futuro do trabalho já começou

em Opinião
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Leonardo Nogueira (*)

Até 2020, antes da pandemia do Covid-19, se falava em transformação digital e inovação, mas ainda era um tema um pouco distante para muitas pessoas.

Ninguém imaginava que um vírus vindo da China ia mudar completamente este cenário. O mundo todo precisou adotar novas formas de pensas e agir. O futuro, que parecia distante, virou presente da noite para o dia, levando pessoas e empresas a anteciparem seus planos e se adequarem de forma abrupta a todas as novidades que estavam sendo impostas para todos nós.

Nem bem nos adaptamos a essas mudanças, e diversas tecnologias já estão invadindo o nosso dia a dia, como metaverso, NFT, blockchain, inteligência artificial, realidade virtual e/ou aumentada, que formam novas perspectivas de futuro e criam possibilidade de novos ambientes de interação entre as pessoas, semelhante aos mundos virtuais dos games em que milhares de pessoas já passam horas e horas imersos.

Nesta nova dimensão do metaverso, as pessoas irão interagir representadas pelos seus avatares e “skins”, serão remuneradas via moedas digitais, premiadas com artigos digitais protegidas por NFT e, como num vídeo game, estarão submersos com os objetivos de “passar de fase” ao alcançar as metas do metaverso, seja na educação, no trabalho e/ou no lazer.

Imagine um experimento de deixar um adolescente num ambiente seguro, com um vídeo game, sem nenhuma responsabilidade a ser cumprida e com fornecimento de alimento e bebida, provavelmente, ele irá passar dias neste local jogando e, talvez, não saia nem para tomar banho.

A inteligência artificial deve acabar com as atividades repetitivas e analíticas. Por exemplo, já existem algoritmos de IA que conseguem diagnosticar doenças por análise de imagem, com maior precisão do que médicos especialistas, outros que escrevem petições jurídicas com alto grau de assertividade, através de análises de milhares de outros casos e características dos juízes do local do julgamento.

Com todas estas mudanças, vagas de trabalho como atendente de call center, auxiliar de escritório, entre outros, não farão mais sentido no escopo das empresas. Em contrapartida, serão criadas novas oportunidades de trabalho como arquiteto de mundo virtual, influenciadores do metaverso, e outras que nem imaginamos ainda, porém, a tendência é que estas profissões necessitem cada vez mais especialização e conhecimento.

É certo afirmar que teremos maiores perdas em empregos de baixo salário, enquanto a demanda por profissionais mais qualificados e com maior remuneração deve crescer. Estas mudanças implicam numa necessidade enorme de transição de carreiras e, para isso, é necessário se preparar, como já mencionado. Estudos apontam que entre 10% e 14% da população, em diferentes geografias precisarão mudar de carreira se quiserem se manter ativos profissionalmente.

É importante ter em mente que cada vez mais a tecnologia fará parte do dia. Ou seja, pessoas que estiverem mais preparadas serão as que disputarão essas vagas.
Além da competência profissional, as empresas também estarão atentas as “soft skills”, ou habilidades pessoais e comportamentais, que farão a diferença na hora da decisão.

Alguns dos skills que já estão sendo considerados fundamentais para o futuro do trabalho, são: fluência digital, autoconfiança, saber lhe dar com incertezas, conhecimento organizacional, adaptabilidade, pensamento analítico e inovação, resolução de problemas complexos, aprendizagem, criatividade, liderança, inteligência emocional e influência social.

O Fórum Econômico Mundial fez um alerta ao indicar que 85 milhões de empregos serão remodelados até 2025, e que 50% dos profissionais que continuarão na sua função terão que se atualizar se quiserem fazer parte do trabalho do futuro. A requalificação profissional se torna essencial neste cenário em que muitos sistemas se tornaram ou estão se tornando autônomos e a inteligência artificial está mais presente em nossas vidas do que podemos imaginar.

A questão é: quais serão as alternativas para as pessoas que não terão acesso e nem oportunidade para se atualizar e adquirir as especializações necessárias? Será que teremos milhões de pessoas vivendo imersos em uma realidade virtual do metaverso, simplesmente passando de fases e sendo sustentados por políticas globais de oferta de renda mínima, semelhante ao experimento do vídeo game citado anteriormente?

O futuro está sendo criado hoje, e é um reflexo de diversas reações em cadeia. A qual grupo de trabalhadores do futuro você quer pertencer? Não perca mais tempo, se prepare agora.

(*) – É CEO da Prosperi (www.prosperiglobal.com).