Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
A humanidade tem se afastado do concreto, embarcando nas fantasias, mas no Brasil essa condição fantasiosa levou à decadência bem acelerada.
O declínio geral não tem sido levado a sério pelas autoridades que se tivessem olhado para isso há mais tempo muitas coisas poderiam ter sido evitadas. Quantas gerações serão necessárias para que se observe a volta ao progresso real?
Educar tem início na responsabilidade com a procriação. Pais e mães têm o dever de dar bom preparo para os filhos gerados. A mídia também tem sua parcela de responsabilidade nesse alvo. A escola mais ainda, pois ela existe para formar gerações aptas para responder pelo futuro, para não cairmos na vala comum da renhida luta pela sobrevivência da vida vazia de sentido sem consideração pelos outros, sem o mútuo apoio para a evolução humana e melhora das condições gerais de vida.
O mercado livreiro deveria se expandir. Aumenta a população, mas diminuem os leitores; é o afastamento da leitura pelo comportamento passível de manipulação on-line através de informações, sentimentos e atitudes padronizadas que podem levar à depressão. Lendo livros inspiradores, os jovens se tornarão fortes para dar sua contribuição para a melhora geral, sentindo-se úteis, escapando das garras da frustração com a vida tão comum na fase adolescente. A vida é regida pelas leis da Criação. Conhecendo-as e as respeitando, tudo dará certo.
O que temos de avanços no mundo de hoje é quase nada, comparado com o progresso real que a espécie humana deveria produzir. Com a supercapacidade de raciocinar e decidir com o que foi dotada, a humanidade deveria ter ouvido a voz interior do espírito ou do coração, como muitos preferem. Esqueceu que pode decidir como quer viver, mas tem de arcar com as consequências, embelezando o mundo, construindo a paz, ou emporcalhando tudo, decaindo.
Falta trabalho num mundo com grande capacidade ociosa que quer colocar seus produtos, mas esquece que sem equilíbrio nada tem estabilidade. O consumo não se consolida apenas com crédito, requer que a população produza através do trabalho e obtenha renda compatível. Manter o dólar barato pode ser bom por um tempo para importar de tudo, mas como vão ficar as contas externas? De onde virão os dólares? Sem se preocupar com isso, o país depositou suas esperanças na exportação de primários e deixou a indústria estagnar.
A Argentina está enfrentando uma ameaça cambial. O desarranjo está nas contas públicas, internas e externas; na liberdade que os agentes têm de interferir na moeda, e na falta de mecanismos que possibilitem a volta à normalidade. Juros de 40% para um país é uma calamidade que não deve ser praticada nem em tempo de guerra. O desarranjo cambial acarreta um desgaste enorme. As consequências também refletem os efeitos da guerra comercial que no fundo se trata de luta pelo poder.
A pressa em elevar os juros básicos nos EUA talvez seja uma medida de precaução quanto à guerra comercial, promovendo a atração de dólares do mundo como alternativa para eventual retirada pela China. Há um desarranjo na estrutura monetária e cambial que provoca periódicas instabilidades que, no geral, nada ajudam a economia, mas se prestam ao ganho especulativo.
A economia deveria funcionar equilibrando produção, comércio, trabalho e consumo. Falta naturalidade para levar a economia a funcionar com estabilidade e não por impulsos. Há desemprego que reduz o consumo, mas faltam profissionais com bom preparo. O fundamental é que haja liberdade e responsabilidade. A partir do século 19, o aspecto financeiro foi se impondo, ditando as prioridades. Seja no livre mercado ou no capitalismo de Estado, é preciso sair do mundo da fantasia forjado com a possibilidade de emitir dinheiro do nada.
No clássico conceito de economia, o importante é o ordenamento dos recursos para o atendimento das necessidades dos seres humanos, os quais passarão a construir o futuro de forma natural e benéfica, com solidez e equidade, ensejando oportunidades para a evolução e para o fortalecimento da alma.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]); Twitter: @bidutra7.