Tauan Mendonça (*)
As lawtechs, ou legaltechs, têm se expandido cada vez mais no mercado jurídico brasileiro, principalmente na área privada.
Esse crescimento é tanto que, segundo um levantamento da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), realizado em setembro, já há mais de 100 startups oferecendo soluções para esse mercado. Em 2017, eram apenas 20. Com isso, nos próximos anos, a carreira do profissional jurídico se transformará digitalmente.
Essa transformação pode preocupar os profissionais. Afinal, tudo que é novo gera receios. Com a vinda de novas tecnologias, é comum as pessoas temerem ser substituídas. O mercado jurídico, conhecido por ser mais conservador, terá que se adaptar as novas tecnologias.
A expectativa para as mudanças são tantas que, segundo uma pesquisa feita pela LawGeex, startup de Inteligência Artificial, as lawtechs movimentaram 1 bilhão de dólares no mundo, só em 2018. E esses números tendem a crescer.
O primeiro passo para dar em direção às oportunidades que virão com estas startups é entender que elas não irão substituir o advogado ou profissional jurídico. Na verdade, elas trarão muitos benefícios não somente para o mercado, mas também para a carreira destes profissionais como um todo. As novas tecnologias buscam gerar uma maior otimização de muitos processos hoje considerados operacionais.
Com menos processos burocráticos, sobrará tempo para os profissionais atuarem de forma mais analítica e com mais assertividade. Isso demandará um novo mindset, mais focado aos estudos e à qualidade das entregas. Provavelmente, esse será o fim da era dos escritórios cheios de estagiários em funções meramente operacionais.
Desde o início de sua carreira, o advogado precisará ser um agente de mudanças, explorando sua capacidade de raciocínio. Precisaremos inovar na profissão desde muito cedo. Tudo o que não exigir habilidades estritamente humanas, será eventualmente por inteligências artificiais.
Tanto é que já existem startups focadas na formulação de respostas padrão para despachos com características mais simples, outras em arquivar documentos, em analisar dados para encontrar as causas raízes dos problemas e apontar soluções, entre outras.
O monitoramento e gestão dos processos também é feito de forma inteligente e rápida, por meio de softwares. Dessa forma, além do advogado ter a oportunidade de trabalhar com dados, um mercado exponencial, são abertas novas demandas jurídicas dentro das companhias, e, consequentemente, novas chances de carreira.
As lawtechs vêm, portanto, com o objetivo de não só facilitar a administração dos processos jurídicos para os profissionais de direito, bem como tornar a justiça mais acessível à população. O maior desafio para os advogados que entram neste ambiente é, no futuro, permitir o acesso à justiça a todos, de forma natural, digital e democrática.
Para quem pretende se atualizar e conhecer um pouco mais desse nicho, é essencial participar dos diversos congressos, feiras e encontros voltados para a tecnologia no direito, além de acompanhar os influenciadores do setor pelas mídias digitais. A ordem é estar sempre aberto a aprender.
(*) – É advogado e pós-graduado em gestão de negócios pela Fundação Dom Cabral. É headhunter e sócio da Vittore Partners, consultoria de recrutamento especializada no mercado Jurídico (www.vittorepartners.com.br).