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Inteligência profissional

em Opinião
quinta-feira, 24 de maio de 2018

Francisco Sant’Anna (*)

O mundo da contabilidade e auditoria sofrem modificações.

Pesquisa inédita do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) revelou, dentre outros dados sobre o perfil do setor, que as firmas associadas à entidade investem, em média, 8% do faturamento em tecnologia e as não associadas, 6%.

Esse aporte de recursos demonstra que os profissionais da Contabilidade, em todas as funções que exercem e independentemente do porte das organizações nas quais atuam como sócios, executivos e colaboradores, buscam preparar-se de modo adequado para as significativas transformações de sua atividade, suscitadas, de modo cada vez mais rápido, pela informática, a digitalização dos sistemas e avanços como big data, robotização e inteligência artificial.

O mais relevante será a automatização de processos repetitivos, sendo que a atuação intelectual do profissional dar-se-á na execução de tarefas que requerem avaliações e julgamento. É o caso, por exemplo, da execução de conciliações e lançamentos contábeis, cujas partidas exijam análise prévia do cenário ao qual a contabilização faz parte. Um relatório que necessitava dias e diversas pessoas para ser gerado poderá ser feito em minutos.

Essas novas possibilidades valorizarão ainda mais a missão do profissional da Contabilidade, cuja profissão, portanto, não perderá relevância, ao contrário do que, às vezes, se cogita de modo equivocado. Ele agregará, ao seu já significativo papel como executor de operações e balanços contábeis, um perfil mais próximo do conselheiro e — por que não? — gestor.

Em artigo recém-publicado em The CPA Journal, editado pela Associação de Contadores do Estado de Nova York, os professores Deniz Appelbaum, Alexander Kogan e Miklos A. Vasarhelyi, da Rutgers Business School de New Jersey, uma das principais faculdades de negócios dos Estados Unidos, observam que o mundo da contabilidade e auditoria está mudando. A tecnologia transformou o trabalho, propiciando o processamento de grande quantidade de dados úteis, o que aumenta a capacidade de análise por parte dos profissionais.

O advento da computação de baixo custo e a informatização progressiva de sistemas organizacionais estão criando um ambiente, no qual contadores e auditores precisarão atuar de modo cada vez mais intenso.

Os mestres, incluídos entre as mais renomadas autoridades mundiais no tema, proferirão palestras na 8ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, promovida pelo Ibracon, que será realizada dias 11 e 12 de junho, em São Paulo. O evento terá uma grade consistente quanto à tecnologia e às mudanças no trabalho por ela induzidas e propiciadas.

É crucial o aporte de todas as inovações por parte dos profissionais da Contabilidade, pois, como bem observam os docentes, não se trata de moda passageira. Estamos diante de um fenômeno real, num cenário no qual contadores e auditores ainda precisam avançar bastante. A profissão inevitavelmente terá de modernizar seus procedimentos, inclusive para atender de modo eficaz aos avanços dos seus clientes e ao surgimento de demandas por auditorias que dificilmente poderão ser supridas com métodos e recursos convencionais.

No contexto de todo esse movimento disruptivo, contudo, há algo decisivo, que precede toda a tecnologia sofisticadíssima e avançada de nossos dias: a inteligência profissional, conceito que abrange o conhecimento acadêmico e prático, a experiência, o discernimento, a capacidade de análise, o ceticismo profissional e a ética.

A robótica, a cibernética, os computadores e aplicativos inteligentes serão sempre ferramentas a serviço desses insubstituíveis valores humanos, oferecendo-lhes cada vez mais tempo e espaço para se manifestarem e agregarem diferenciais e valor aos serviços dos profissionais da contabilidade!

(*) – É presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).