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Inovar para vender em tempos de pandemia

em Opinião
sexta-feira, 22 de maio de 2020

Mauro Longo (*)

Para uma empresa manter-se relevante e ter destaque em seu mercado de atuação, sempre foi necessário entender o que se passa a sua volta e mudar junto com o mundo.

Porém, em tempos de pandemia, mudar virou sinônimo de “não quebrar”. E, convenhamos, ninguém sabe exatamente o que fazer, simplesmente porque nunca houve um momento semelhante na história da humanidade. Mas, uma coisa é certa: a velha fórmula de criar novas opções, novas maneiras de vender nossos produtos e, mais do que nunca, inovar será fundamental agora.

E, neste caso, meus trinta anos de experiência comercial podem me dar certa vantagem, que tentarei compartilhar agora com vocês. Inovar não significa, obrigatoriamente, criar coisas inéditas e revolucionárias. Significa fazer COISAS DIFERENTES do que você vinha fazendo. Talvez ações que já tenham sido executadas no passado ou que são utilizadas hoje por outros ramos de atividade, mas que possam ajudar sua empresa, serão super bem-vindas.

Quer um exemplo simples? Antigamente era comum a figura do “leiteiro” que entregava seu produto de porta em porta ou do “padeiro” que passava na rua com um carrinho cheio de pães. Por conta da pandemia, as padarias “ressuscitaram” estes serviços, fazendo delivery de todos os seus produtos.

E nem precisaram contratar mais gente para tal. A maioria realocou um colaborador que, em último caso, seria demitido pela baixa no movimento. Ou seja, dois “problemas” foram resolvidos reativando uma ação comum décadas atrás e que estava em desuso nos dias de hoje.

Um exemplo interessante aconteceu comigo dias atrás. Tenho um filho pequeno e compro muitos gibis para ele em uma determinada banca de jornal aqui da minha cidade. Faço isso semanalmente, pois acho importante cultivar o hábito de leitura logo cedo nas crianças. Pois bem, nesta quarentena nossa movimentação pela cidade ficou muito reduzida e limitada a saídas essenciais, então, acabei deixando este hábito de lado sem perceber.

Foi então que recebi, na semana passada, um WhatsApp com fotos de CAPAS DE GIBIS vindos de um número desconhecido. Até que, enfim, veio uma mensagem: “Sr. Mauro, muito bom dia. Aqui é o Fulano, da Banca de Jornais da Padaria X. Gostaria de saber se o senhor e sua família estão bem de saúde?

O senhor me deixou seu número de celular muito tempo atrás, quando encomendou uma revista comigo e, como sei que seu filho gosta de gibis e o senhor deve estar sem poder sair de casa, resolvi lhe mandar fotos das últimas edições que recebemos. Caso haja interesse, podemos entregar em sua residência, sem custo adicional”. Agora, DEPOIS DE FEITO, parece algo simples e óbvio de se pensar em fazer, né? Mas não é.

Depois de feito, tudo – ou quase tudo – parece fácil, mas esta foi uma verdadeira aula de processo de vendas clássico. Veja: o jornaleiro lembrou que tinha o meu número de celular (contato do cliente), recordou que meu filho gosta de gibis (hábito de consumo/necessidades específicas), fotografou as capas das revistas (escolher a oferta/forma de abordagem) e me mandou um WhatsApp (fazer contato) oferecendo uma vantagem (entrega sem custo).

Clássico, eficiente e simples ao mesmo tempo. Isso é INOVAR sem complicação. O mínimo que o Sr. Fulano conseguiria com essa ação seria a minha simpatia e gratidão por lembrar-se de mim neste momento. E isso, por si só, já seria uma vantagem competitiva para ele no momento em que eu fosse comprar revistas futuramente.

Mas, conseguiu mais do que isso: comprei OITO REVISTAS que foram entregues de bicicleta pelo FILHO DELE (e usando máscara). E não, não foi piedade ou algo assim, foi necessidade: meu filho está sem aulas (como todas as crianças) e preciso mantê-lo ocupado criativamente.
Inovar, na prática, significa isso: enxergar novas soluções para os problemas.

Amplie seu olhar para os outros segmentos de atuação que existem, para as soluções que eles adotam, verifique se servem para os seus clientes e adote-os ou descarte-os, mas movimente-se. Em dias de isolamento social, ficar parado pode ser o pior para o seu negócio.

(*) – É executivo de vendas há mais de 30 anos, educador corporativo e palestrante (www.maurolongo.com).