Fernando Silveira Filho (*)
É fundamental que a saúde agregue as melhores e avançadas tecnologias, não apenas para aprimorar a qualidade, mas como meio de democratizar o acesso da população.
Nunca é demais lembrar que a assistência médico-hospitalar é definida como direito de todos na Constituição do Brasil. Assim, é estimulante observar que o setor é um dos que mais têm apresentado progressos em tecnologia e inovação nos últimos anos, acelerando seu ingresso na chamada Quarta Revolução Industrial.
Esse avanço propiciará redução nos custos e economia de tempo, permitindo, assim, atender mais gente com os mesmos recursos. Também viabilizará o monitoramento remoto dos pacientes e cirurgias a distância, com a utilização de robôs. Algo que até pouco tempo atrás parecia ficção científica, vai se tornando realidade.
Tecnologias e plataformas revolucionárias pavimentam a caminhada da saúde rumo à Indústria 4.0: big data, que possibilita coletar e processar imensa quantidade de dados, bem como sua interpretação e cruzamento, algo impossível anteriormente; telemedicina, caracterizada pelo atendimento virtual, propiciando economia de tempo, deslocamentos e redução de custos; inteligência artificial, permitindo o “aprendizado” com dados pelos sistemas de tecnologia da informação e sua retroalimentação.
Também, internet das coisas pela qual equipamentos, robôs e sistemas de computadores “conversam”, trocam dados e transmitem informações em tempo real; e a impressão 3D, que permite vislumbrar até mesmo a construção de órgãos artificiais para transplantes.
Algo importante em todo esse processo refere-se à gestão dos dados e do histórico de saúde de todos os pacientes, favorecendo seu acesso a médicos de distintas especialidades, reduzindo-se, assim, os pedidos de exame, que podem ser compartilhados, e facilitando os diagnósticos.
Os próprios pacientes e seus familiares terão mais autonomia sobre as informações relativas à sua saúde. Mais do que nunca, a informação será aliada do atendimento, ações preventivas e acompanhamento dos tratamentos.
Todos esses avanços tornam-se mais viáveis no Brasil a partir da implantação do 5G, cujo leilão realizou-se com sucesso no ano passado. Com a internet mais rápida e acessível, todo o sistema de saúde poderá agregar e desenvolver novos métodos e recursos para os mais diversos procedimentos, da gestão ao atendimento de pacientes.?A transformação digital no setor é uma realidade.
Segundo informações da plataforma de inovação aberta Distrito, já existem em nosso país mais de 900 healthtechs, que somaram US$ 183,9 milhões em investimentos no primeiro semestre de 2021. A Quarta Revolução Industrial promoverá um grande salto da medicina, por meio da tecnologia, que integrará médicos, pacientes, hospitais, ambulatórios e UBS num grande sistema de atendimento à população, nas áreas pública e privada.
O setor de equipamentos para a saúde, que incorpora todos esses avanços, tem papel primordial no revolucionário processo. No contexto dessa bem-vinda onda de inovação, cabe enfatizar que tudo somente faz sentido quando o foco é melhorar a qualidade do atendimento e o bem-estar das pessoas.
A Saúde 4.0 terá impacto entre os médicos, todos os profissionais do setor, SUS, convênios, seguros e instituições que atuam na área. Os maiores beneficiários, porém, deverão ser, necessariamente, os pacientes e suas famílias.
Afinal, a tecnologia deve ser sempre direcionada à valorização da vida.
(*) – É presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED).