Danny Braz (*)
Nos últimos anos, temos enfrentado diversos problemas de saúde ligados aos maus hábitos alimentares.
A obesidade, alta taxa de colesterol, riscos de problemas cardíacos, diabetes, entre outras, são doenças comuns ligadas ao estilo de vida que levamos. Porém, em um contexto de sociedade, essas doenças são apenas sintomas de que algo está errado com nosso grupo social. Não a toa, passamos a prestar mais atenção e a buscar meios de combatê-las. Apesar disso, uma ação na raiz do problema se faz necessária para curar o problema social – e não apenas seus sintomas.
Uma série de comportamentos destrutivos despertam o mau hábito alimentar, que precisa ser combatido exatamente pelo que é: um hábito. A melhor maneira de se fazer isso é construindo um novo comportamento que te permita trocar relações negativas por positivas. Assim, a saída para se livrar da má alimentação é justamente criando uma cultura de boa alimentação, baseada em seu impacto positivo na qualidade de vida.
Viveremos mais graças aos avanços tecnológicos, mas precisamos viver bem. Com isso em mente, muitas pessoas tem passado a buscar uma alimentação saudável através de alimentos mais naturais, e não apenas isso, criado novas relações com a comida através da mais simples prática milenar da humanidade: o plantio.
Obviamente, ter uma alimentação saudável traz muitas vantagens. É possível eliminar toxinas do corpo, fortalecer o sistema imunológico, perder peso, ganhar vitalidade e até combater males psíquicos, como a depressão. Isso tudo se baseando no simples equilíbrio do organismo, que vem sofrendo muito com o abuso alimentar das junk food, por exemplo. Além disso, a prática relaxante do plantio, cuidado e colheita alimentam um hobbie saudável e prazeroso.
Só parar de comer “besteira” não é o bastante e, muitas vezes, comprar alimentos orgânicos é caro e pouco recompensador, pois isso não ajuda a ressignificar a relação com a comida. A cultura do cultivo próprio de alimentos acaba sendo uma saída mais completa, interessante e revigorante. Em uma horta caseira, agrotóxicos, conservantes, dentre outras coisas, são evitadas, e ao menos uma parte da alimentação consegue ser o mais natural possível.
Os minutos ou horas passados cuidando da terra, aliviam o estresse do dia a dia, estimulam a sensação de recompensa ao colher e comer o que você mesmo plantou – e ainda proporciona bem estar. Realizar um trabalho de jardinagem de plantio é envolvente para toda a família. Felizmente, hoje já é possível ter uma pequena horta caseira em casa, sem ocupar muito espaço, captando água da chuva, irrigando automaticamente, como se faria com qualquer jardim e mantendo grande parte do trabalho automatizado.
A tecnologia liberta as pessoas da parte pesada e complexa do trabalho, porém sem precisar que o processo seja industrial, em escala agrária. Uma horta caseira ainda pode ser um prazer tranquilo e agradável do dia a dia. Muitas pessoas têm jardins em suas casas e apartamentos, e porque não dedicar uma parte desses espaços ao plantio de algo saudável que contribuirá para a alimentação de toda a família? Os benefícios são inúmeros.
O incentivo a essa cultura de cultivo próprio, que já é uma realidade, tem potencial de impactar cada vez mais na qualidade de vida das pessoas. Claro, não é possível se livrar do supermercado ainda, e nem de outros cuidados com a saúde, mas é um passo muito grande, positivo e autônomo em direção a mudar relações com a comida para comer melhor e viver melhor.
(*) – É engenheiro civil, consultor internacional com foco em construções verdes e diretor geral da empresa Regatec (www.regatec.com.br).