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Futuro das contratações: estou atraindo ou retraindo talentos?

em Opinião
quinta-feira, 25 de março de 2021

Paula Morais (*)

Você já deve ter escutado que o processo seletivo de uma empresa é o espelho que reflete o sucesso ou não da marca empregadora.

É na primeira ligação, e-mail ou mensagem privada no LinkedIn que se inicia o relacionamento de confiança e empatia entre os dois lados interessados e, certamente, a primeira impressão ficará marcada no candidato. Se a abordagem for boa, será transmitida e retransmitida de forma orgânica, ou seja, sem muito esforço. Se for ruim, a premissa acima será a mesma.

Candidatos são embaixadores de marcas. E aí está o grande pulo do gato: a experiência do candidato deve ser a melhor possível, a mais marcante, a mais intensa que ele já viveu. É nessa relação inicial que se perpetua a cultura daquele lugar, como a empresa trata seus funcionários, os valorizam em suas práticas. Essa deveria ser a primeira e mais relevante preocupação das corporações e muito mais que apenas uma tarefa do RH.

Com o trabalho remoto, a distância precisa ser encurtada de alguma forma e não alongada. Empresas precisam estar próximas, ter claro e definido em que patamar querem chegar e estar em 2021, que tipo de profissionais querem ter no negócio. É importante revisar a forma como estão comunicando os valores, como anda o onboarding (integração) com os funcionários novos na casa e como está sendo a abordagem para chegar nesses candidatos.

Será que não existe um caminho melhor e mais eficaz? Como está a minha taxa de adesão nas vagas? Tem mais desistências do que interessados nos processos? Isso é um bom termômetro. Reescrevo novamente aqui o título desse artigo “Estou atraindo ou retraindo talentos”? Essa é a pergunta ouro que todo profissional de recrutamento deveria fazer todos os dias.

Revisitar antigas fórmulas e métodos tradicionais de R&S, visando otimizá-los, é um exercício poderoso de inspiração para melhorar processos, abordagens, feedbacks, desconstrução de falas prontas e melhorar a própria jornada do candidato. Pesquisa do LinkedIn mostrou que 83% dos talentos dizem que uma experiência de entrevista negativa pode mudar a sua percepção sobre um cargo ou empresa que eles gostavam.

Ter uma boa experiência do candidato vai garantir um relacionamento mais próximo com os talentos que passam pelo processo, mantendo-os engajados e diminuindo as chances de desistirem entre as etapas. No entanto, apesar de saberem disso, muitas empresas ainda têm dificuldades em proporcioná-la, principalmente devido ao alto fluxo de talentos no funil.

A urgência em fechar vagas pode fazer com que, em alguns momentos, o time de recrutamento esqueça que do outro lado da tela tem pessoas. E esse é um erro muito comum que pode gerar consequências negativas e duradouras para a empresa. Do lado do candidato, é importante ter metas claras de onde quer estar, rememorar como tem sido notado nas redes, de que forma vem se apresentando e se “vendido”.

As empresas estão de olho o tempo todo nos talentos, principalmente os que tiveram partes da sua trajetória em startups da nova economia. Se você está em uma empresa de crescimento acelerado, é bem provável que seu perfil esteja na lista de profissionais prioritários.

Do contrário, os que trabalham em empresas tradicionais, o mérito e o valor podem estar na criatividade, na abordagem e interação nas redes. As perguntas que surgem agora são sobre o futuro: qual a perspectiva do recrutamento no pós-pandemia? O que as empresas precisarão fazer para sair na frente na busca pelos melhores profissionais?

É importante analisar o que exatamente mudou e o que está por trás da transição para o modelo de trabalho remoto. O que muda agora em relação a essas vagas é que novas possibilidades de contratação aumentam a oferta de candidatos. Isso porque o modelo de trabalho remoto permite a contratação de profissionais de qualquer parte do Brasil, aumentando o rol de talentos que podem ter fit com as empresas.

No entanto, essa é uma realidade que passa a funcionar para milhares de empresas, dos mais diversos setores, o que significa que agora existem ainda mais corporações “lutando” por talentos qualificados por todo o Brasil, aumentando a concorrência de forma expressiva. Antes de pensar em tudo isso e promover essa transformação digital no recrutamento, faz-se necessária uma mudança de mentalidade interna.

Existem diversos benefícios em proporcionar uma boa experiência do candidato, que vão muito além de uma percepção ou feedbacks positivos dos talentos. Por outro lado, uma experiência negativa pode trazer diversos malefícios. Pense nisso.

(*) – É cofundadora e CEO da Intera, hrtech de recrutamento digital. A especialista chegou a empreender o primeiro marketplace de aluguel de itens no Brasil.