Mario Enzio (*)
Não vou dizer que as coisas estão ótimas, nem sinalizar que os empregos estão em alta. Mas, há setores que estão empregando
Li que o ego tem que ser posto de lado, que mesmo com boa formação, com diploma universitário, e cursos de pós-graduação muitas pessoas não estão conseguindo emprego. Essas pessoas estão deixando de lado essas formalidades e apresentações e se arriscando em outras áreas. Como um engenheiro que está servindo mesas no shopping. Ou uma enfermeira que está trabalhando como balconista numa loja de variedades. E um administrador de empresas que está como ‘chapeiro’ em uma lanchonete de bairro. Tempos modernos.
Se o profissional estiver preparado psicologicamente para ignorar parte da carreira que tem construído para se dedicar a essa nova e desafiadora atividade, isso não lhe trará nenhum problema. Pelo contrário, será uma boa solução para estabilizar suas contas, pagar o que precisa para manter sua vida em funcionamento. O salário pode não ser o que busca, mas não deixará de lhe dar uma saída momentânea para o cenário que está vivendo.
Um amigo me perguntou: – quanto tempo essa crise poderá durar? Bem, não sou eu quem responde, são economistas de plantão, que dizem que “para eles o ano de 2016 já acabou, e que estão pensando no de 2017”. Que esse ano, ao que intuem e projetam, está contaminado. Querem dizer: “há setores que estão com problemas, que há empresas que ainda irão continuar demitindo, que haverá mais turbulência, e que o governo não se emenda, mesmo, diz que irá fazer a sua parte, mas não faz”.
Sendo assim, ter um emprego em outra área pode ser uma boa solução. Quantos novos empregados nessas condições acabaram como empresários daquele novo setor, pois descobriram novos caminhos nessas situações? Quando foram jogados para fora de suas disciplinas de especialização e ficaram muito melhor econômica ou financeiramente?
Lembro-me de um caso clássico, de muitos anos atrás: do engenheiro que virou suco. Um engenheiro desenvolveu uma máquina que fazia suco de laranja utilizando toda a fruta. Espremia, com casca e tudo, e pronto: suco de qualidade. Conheci uma psicóloga que atuava na área de recursos humanos numa multinacional, esteve desempregada por meses, e decidiu vender sanduíche natural na praia. Vendia bem, em meses instalou uma barraquinha, quando incluiu outros produtos e por aí foi se tornando uma empresaria de sucesso.
Nesse campo da realidade, do cotidiano, que só quem está desesperado, com ou sem dívidas, que sabe o que está lhe faltando, a atitude de criticar, e querer falar de posição ou destaque profissional, de missão, paixão pelo que se faz é como dar uma aula teórica: no papel tudo fica lindo. Mas, como a vida traça um caminho com muitas estradas, às vezes, não sabemos qual iremos escolher em determinado momento. Se der para ser e realizar o que tem estudado será um prazer. Se não der será mesmo especial porque entrou na sua vida para lhe mostrar uma nova oportunidade.
(*) É Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: www.marioenzio.com.br