Pavlos Dias (*)
Enxergar o estudante como indivíduo exige mudanças, mas a tecnologia e metodologias alternativas podem ajudar as Instituições de Ensino Superior nessa longa jornada.
Em menos de cinco anos, o setor de educação, que já tem vivenciado grandes mudanças, ficará ainda mais dinâmico. Tendências de mobilidade, educação sem fronteiras, modelos alternativos de ensino e big data, por exemplo, têm ganhado força na sociedade e exigem adaptações e criatividade das instituições de ensino superior tradicionais, que precisam criar estratégias para atender, com eficiência, o novo perfil de aluno que compõe boa parte do corpo discente das instituições: os não tradicionais.
No Brasil, são considerados tradicionais, os jovens que saem do Ensino Médio com, praticamente, 18 anos, ingressam na universidade, estudam em período integral e não exercem outras atividades, além dos estudos. Já os não tradicionais, geralmente, arcam com as próprias despesas acadêmicas; ingressam tarde na universidade; ou não dispõem de tanto tempo assim para os estudos, pois conciliam com outras responsabilidades.
E, de acordo com um estudo do National Center for Education Statistics, órgão norte-americano de educação, até 2020, 85% dos estudantes terão esse perfil. Mas, como as universidades podem atender as exigências dos estudantes que dispõem de pouco tempo e querem se dedicar à universidade? Usando tecnologias e modelos alternativos de ensino e aprendizagem como ferramentas para atrair e reter esse aluno junto à Instituição de Ensino e à comunidade acadêmica.
Nesse cenário, o ensino à distância e o blended learning, conhecido igualmente como ensino híbrido, por misturar o presencial e online, serão capazes de atender o novo aluno. E, com o apoio de novas tecnologias que podem simplificar os investimentos em educação, as instituições conseguirão centralizar o ensino no aluno. Algumas ferramentas já permitem a interação do aluno com o conteúdo, professor e colegas de classe; e outras, como as analíticas, oferecem dados estratégicos para os professores e instituição de ensino.
Dessa forma, é possível conhecer a jornada acadêmica, identificar dificuldades pontuais e atender o aluno individualmente. Existe, ainda, espaço para tendências e metodologias como as de aprendizagem ativa, educação sem fronteiras e a mobilidade, que devem estar alinhadas à estratégia pedagógica das IES.
Por isso, para que as instituições consigam melhorar a qualidade da educação é preciso rever o modelo tradicional de ensino, que foi criado para ser replicado em massa e está comprovadamente defasado, para dar espaço às novas técnicas e tecnologias, a fim de atender o aluno de forma individual, identificar e trabalhar suas dificuldades de forma pontual, contribuindo efetivamente para o seu desenvolvimento. Não se pode ter medo de experimentar.
É preciso vencer o formato passivo de aula e centralizar o ensino no estudante, tornando-o protagonista de sua trajetória de aprendizagem, e para fazê-lo, algumas dessas tendências tornam-se estratégias necessárias para construir uma educação mais ativa e envolvente. Afinal, o que leva o aluno a escolher uma instituição de ensino superior? É apenas a distância? A nota do curso no ENADE? Não. Hoje, essa escolha é norteada por uma variedade de fatores que podem, de fato, contribuir para o futuro do estudante como profissional e na metodologia que mais se encaixa no seu perfil.
Já começamos a ver a tecnologia facilitando a inclusão de novos modelos de ensino e aprendizagem, e instituições investindo em inovações e estratégias para ajudar a atender o novo aluno. E, em pouco tempo, não teremos mais um modelo de aprendizagem brasileiro, ou modelo americano, mas diversos modelos integrados que poderão ser usados para alcançar uma mesma finalidade: a expansão do conhecimento.
(*) – É gerente nacional de operações da Blackboard Brasil.