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Confrontação geoeconômica

em Opinião
quarta-feira, 03 de janeiro de 2018

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis.

Uma das tarefas prioritárias de nosso existir é a busca por esclarecimentos sobre a finalidade da existência, e se isso não for feito desde cedo, a fase da velhice deve ser aproveitada para esse propósito com toda a energia. Com o crescente domínio do raciocínio em oposição ao espiritual, a aspereza expandiu-se e muitos seres humanos desenvolveram o pior em si mesmos.

Muitas pessoas sentem o impulso para mudar de sintonização, mas não sabem como, quedando-se sem forças. Charlie Chaplin, estudioso da vida, não temia falar abertamente o que sentia e desejava, porém não foi compreendido e sofreu por isso, tendo sentido no mundo materialista fortes barreiras para exercer o humanismo que quer o aprimoramento. Expressou bem esse desejo no filme de 1940, O Grande Ditador:

“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.

Com base em financiamento, produção, exportação que geraram empregos e ganhos, o poder econômico fez a América grande e poderosa. Depois veio o crescimento do Japão com trabalho e iene barato. Agora surge a China com mão de obra em abundância e polpuda reserva gerando disputas.

O presidente Trump entra em campo com a outra potência já montada em polpuda reserva constituída com o que o sistema permitiu, feito que não havia sido alcançado nem pelo Japão. Nesse meio pergunta-se o que o Brasil tem recebido de benéfico dos EUA ou da China? Como sairemos da crise política e econômica que estamos atravessando?

A América chora de barriga cheia, mas agora os velhos mecanismos não funcionam e a China vai crescendo a 7%, então vão surgindo atitudes que poderão acelerar a curva do desequilíbrio histórico. Entre as inúmeras dificuldades que enfrentamos, agora acresce a desordenação geral que se vai ampliando.

É o mundo VICA, conceito que exprime a velocidade, incerteza, complexidade e ambiguidade que cercam os acontecimentos de nossos dias instabilizando as relações humanas, tornando incerto o futuro. Na disputa pelos mercados o presidente Trump fala que quer fazer a América grande outra vez – a MAGA -, e surgem planos econômicos nesta época em que as finanças e a economia a tudo suplantaram pondo o humanismo a perder espaço.

Nos embates, a massa vai empobrecendo. Meio ambiente, impostos, câmbio, juros, tudo vai sendo mobilizado na confrontação geoeconômica pelo aumento de poder; não sabemos no que isso vai dar.

O planeta e a humanidade estremecem.

(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.library.com.br) e (www.vidaeaprendizado.com.br). E-mail: ([email protected]).