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A valorização imobiliária não é linear

em Opinião
quinta-feira, 02 de julho de 2015

Flavio Amary (*)

O conjunto de bens e direitos de uma pessoa ou empresa são considerados seus ativos e a avaliação, ao longo do tempo, varia de acordo com o tipo de ativo, que pode ser classificado de diversas formas.

No decorrer da vida e com as economias provenientes de um bom orçamento, as pessoas físicas e jurídicas costumam aumentar seus ativos e diversificar seus investimentos, e cada qual tem um comportamento diferente. Podemos dividir a classe de ativos como: financeiros e não financeiros; tangíveis e intangíveis; circulante e fixo; de acordo com sua liquidez, dentre tantas outras.

O avanço do sistema financeiro fez com que os ativos deste mercado tivessem uma maneira diária de avaliação, como os depósitos e aplicações financeiras, cotas de fundos de investimentos, ações, câmbio, entre milhares de outras modalidades. A mais simples delas, a caderneta de poupança, tem oscilações sempre positivas e determinadas por uma taxa de juros fixa. Algumas podem e costumam também variar negativamente.

Apesar de cada um destes investimentos terem comportamentos diferentes de riscos e retornos ao longo do tempo, todos possuem uma característica em comum: a facilidade de se computar, diariamente, o real valor. Traçando um paralelo com o mercado imobiliário, que, como todos os outros, também possui suas características especiais e diferenciações, não é tão simples assim uma valorização diária.

Diferente do mercado acionário e de câmbio, no qual um número muito grande de negócios são realizados a cada instante – e, portanto, os preços alteram a todo momento -, os imóveis têm um comportamento típico. Embora a definição do preço de venda de um imóvel tenha inúmeras variáveis, poderíamos de forma simplificadora englobar em duas grandes situações: o custo de produção e oferta X demanda.

Vivemos os últimos anos com uma série de questionamentos a respeito de uma possível bolha imobiliária em nosso País e se os preços dos imóveis iriam cair. Com a atual crise econômica e após uma forte valorização, as perguntas sobre o comportamento dos preços dos imóveis ainda são objeto de conversas e notícias.

Salário de funcionários, cimento, tijolos, os insumos de construção nunca tiveram seus preços reduzidos; as restrições das leis e dos planos diretores sempre impactaram os custos de implantação de um empreendimento. Portanto, os custos sempre estão pressionando os preços de transformação da terra bruta em empreendimentos.

Diferente de outras sociedades, a demanda por imóveis em nosso País é muito grande, composta pelo déficit habitacional e pelo crescimento populacional que ainda estamos vivenciando. Somando o déficit existente com a necessidade futura, precisamos produzir entre 1 milhão e 1,5 milhão de novas habitações anualmente pelos próximos dez anos.

Claro que, em momentos como o que estamos vivendo, existe uma precaução adicional em adquirir bens de longo prazo, e as indústrias que atuam nestes setores sofrem com a queda das vendas. Algumas fazem promoções adicionais, oferecendo benefícios para os que realizam os negócios. Nesses momentos, nada melhor do que comprar quando muitos querem vender. Alguns negócios estão sendo feitos com preços bastante atraentes.

O comportamento dos preços dos imóveis não segue, como o mercado financeiro, uma valorização diária, mensal. Com suas características próprias, o setor tem períodos de variação que acompanham a inflação e períodos de saltos nos preços. Acabamos um ciclo de forte valorização e, agora, estamos no período de acompanhar a inflação.

Com o rearranjo econômico, o mercado deverá ter um novo período de valorização, pressionado principalmente pelos aumentos de custos dos insumos e outros, impostos por restrições cada vez maiores nas legislações urbanísticas.

A compra de imóveis sempre foi e sempre será, além da realização de um sonho, a maneira mais segura de proteção patrimonial em momentos de incertezas econômicas.

(*) – É vice-presidente do Interior e diretor da Regional Sorocaba do Secovi-SP.