Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O significado espiritual da vida acabou sendo esquecido.
O corpo humano, dotado de cérebro, é animado pelo espírito que deveria ser o condutor através da intuição, mas o raciocínio ficou mais forte e quer dominar com sua inquietação e negativismo, e diante dos problemas da vida, perde a serenidade e deixa crescer o descontentamento sem dar chance de o espírito construir o bom futuro, pois quer estar à frente das decisões.
Cada pessoa se encontra nas condições que construiu para si mesma, ponto ao qual foi atraída pelos fios do destino tecidos por ela mesma, pelos seus sentimentos, pensamentos e ações em suas peregrinações. A partir desse ponto deveria prosseguir sua atual jornada. Muitos não querem reconhecer isso, lançando continuadamente pensamentos negativos de descontentamento com a atual situação em que se encontram, com isso fazem uma muralha que vai travando a intuição e afastando a Luz.
Reconhecendo que nada é injusto perante as leis da Criação, e dispondo-se a aceitar a situação com gratidão no coração pela oportunidade, movimentando-se na direção da busca pelo saber e pela melhora, abre-se o canal para o auxílio espiritual que clareia o ambiente, erradicando as partes sombrias que oprimem, levando ao caminho para a melhora geral.
O descontentamento e a insatisfação atraem a igual espécie que, como um enxame de pensamentos negativos, invade a mente consolidando a propensão para o negativismo e consequente mau humor, manifestando-se com palavras ásperas e ações bruscas. Em vez de se esforçarem, as pessoas assim dominadas pelo negativismo passam a olhar o que os outros têm, a invejar e a cobiçar. O raciocínio sai vitorioso porque bloqueia a intuição e sua força espiritual.
Como tudo na Criação, a vida exige movimento. Movimentar-se para alcançar suas metas e atender ao querer próprio é se fortalecer e evoluir. É errado quando os pais dão tudo para seus filhos, sem que estes, em contrapartida, tenham de oferecer nenhuma retribuição. Em vez de seres humanos fortes, criam plantas de estufa, sem forças para se movimentar por si mesmos.
Aos poucos, o raciocínio foi relegando o eu interior e a intuição ao abandono e esquecimento. As condições de vida se tornaram mais adversas ainda. Com a ininterrupta estimulação do cérebro pelo noticiário sensacionalista de pouca profundidade que atormenta os pensamentos, e a mais acelerada exposição às imagens e barulhos desconcertantes, o raciocínio, que já se predispôs ao negativismo, vai consolidando seu pleno domínio sobre a intuição e a pessoa fica mais sensível aos medos e estados doentios.
Assim pressionada, a comunicação com o eu interior fica cortada, e a pessoa passa a procurar alívio e lenitivos que encontra na comida, bebida, consumismo, sexo, videogame, e não por último nas drogas, que competem com os antidepressivos e também faturam bilhões. Para buscar o restabelecimento, o poder do silêncio pode se constituir em poderosa ajuda se associado ao poder da reflexão intuitiva sobre a existência terrena, e se em contato com a natureza, melhores ainda serão os resultados, podendo despertar, no correr do tempo, o anseio de buscar a Luz da Verdade, o que fortaleceria o ser humano espiritual para uma nova vida.
A vida será vista com sua beleza real, com serenidade e confiança, ensejando sensações de alegria e gratidão pelo dom de existir. O cérebro e o raciocínio em vez de prejudicarem, cumprirão a sua tarefa de contribuir para a continuada melhora das condições gerais. Com perseverança e coragem serão enfrentados os desafios, afastando o negativismo e a inquietação, pois bem nítido diante de si está o alvo elevado ao qual dedica todo empenho, não sobrando mais tempo para ficar se lamentando das condições de vida para as quais se deixou atrair e, desse modo, alcançará o progresso real e a felicidade.
(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Conversando com o homem sábio; Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; e O Homem Sábio e os Jovens ([email protected]).