Eduardo Almeida (*)
A discussão a respeito das leis anticorrupção tem ganhado cada vez mais fôlego nos últimos anos.
Da crescente importância da função de Compliance até à aprovação recente do projeto 435/2016 pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que promove alterações à “Lei Anticorrupção”, que poderá vir a exigir a certificação do funcionamento dos programas de integridade como condição para atenuar sanções administrativas – um longo caminho foi percorrido pelas empresas brasileiras, elevando o grau de governança corporativa e mitigando sanções futuras por descumprimento de padrões éticos e legais.
Entender quais são as leis e como aplicá-las no contexto corporativo é o desafio de todos os gestores alinhados com a área de Compliance, em companhias de todos os portes. Como transmitir aos colaboradores a importância de “seguir as regras” sem parecer uma tarefa enfadonha? Como garantir que resultados práticos sejam obtidos e como avaliá-los ao longo do tempo?
Essas são questões comuns a diferentes empresas e a diferentes setores de atividade. E iniciativas que variam desde a criação de canais de denúncias ou de ouvidoria à ampla divulgação, interna e externa, de Códigos de Conduta e de políticas de Integridade têm sido cada vez mais adotadas como forma de conscientizar colaboradores de todos os níveis hierárquicos a respeito da importância de ser uma voz ativa contra a corrupção.
A recompensa de investir nessas medidas já é notável em algumas corporações. A busca por certificações como a ISO 37001, que versa sobre “Sistemas de Gestão Antissuborno”, já é algo real em muitos países e agora também ganha força no Brasil. Obtê-la não é um processo necessariamente fácil e exige a implementação das ferramentas e equipes adequadas e a manutenção periódica, mas trata-se de um investimento consistente e do reconhecimento como uma organização renomada no que diz respeito às boas práticas de ética no mundo corporativo.
Aliás, ser reconhecido como uma companhia ética já é algo que ultrapassa as barreiras e prédios do universo corporativo. É preciso mostrar essa qualidade de ponta a ponta dentro das companhias – das áreas de produção aos Órgãos Diretivos, mais especificamente. Por isso, companhias também investem em certificações que atestem outros atributos ligados à ética, como a sustentabilidade e a diversidade, por exemplo.
A integração das empresas em índices como, por exemplo, o Dow Jones, Bloomberg Gender-Equality Index e FTSE4Good, mostra como a busca por um modo de produção eficaz e sustentável também é relevante para organizações lograrem resultados cada vez melhores ao longo do tempo. Num futuro iminente, a bola da vez é a Lei Geral de Proteção de Dados.
A entrada em vigor dessa norma em território brasileiro deverá trazer ainda mais fôlego a essa discussão e acirrar cada vez mais a busca por verificações independentes que comprovem companhias éticas e seguras a fim de gerar confiança – dentro e fora do país. As companhias que já perceberam o quão necessária e essencial essa mudança é, já podem atestar os benefícios e resultados obtidos a partir do combate à corrupção e da valorização dos preceitos éticos.
Em um mundo em que a informação circula o tempo todo, é fundamental estar atento e prevenir todas as possíveis brechas e falhas geradas por um ambiente sem ética, controles internos e conscientização em relação aos impactos que poderão ser causados aos stakeholders.
As consequências podem ser catastróficas para quem não valoriza a manutenção constante de um ambiente saudável e não está atento às boas práticas de governança que esse novo cenário traz. O cumprimento da legislação e a adoção de princípios éticos pelas empresas são condições fundamentais para o seu crescimento sustentável e fatores competitivos diferenciadores.
A integridade corporativa é um caminho sem retorno.
(*) – É CEO da Indra no Brasil (www.indracompany.com)