Daniel Magnoni (*)
O consumo adequado de micronutrientes é vital para a manutenção da saúde humana.
Vitaminas e minerais participam de diversas funções, como reações metabólicas, e são essenciais para o desenvolvimento adequado do corpo humano. Compõem estruturas de ossos e dentes e sua deficiência pode causar danos à saúde, como anemia, aumento do risco de doenças crônicas não transmissíveis, osteoporose e até cegueira.
Nem sempre a deficiência de nutrientes vem acompanhada de baixo peso, podendo aparecer entre pessoas com ingestão calórica adequada, eutróficas bem nutridas, ou com sobrepeso, fenômeno que chamamos de fome oculta. Nesse sentido, uma alimentação equilibrada, com a combinação de vários grupos de alimentos, é imprescindível para o fornecimento adequado de nutrientes.
Estudos indicam que a população brasileira possui inadequação da ingestão de nutrientes como cálcio, potássio, magnésio, vitaminas E, D, A e C. Uma explicação para o baixo consumo desses nutrientes está na baixa qualidade da alimentação, que apesar de adequada em calorias na maior parte das vezes, precisaria de uma ingestão menor de alimentos processados e industrializados e mais adequada de cereais, leite e derivados, leguminosas, frutas e hortaliças.
A variedade da alimentação é parte fundamental para o fornecimento adequado desses nutrientes, uma vez que o consumo baseado apenas em alimentos refinados tem menor densidade de micronutrientes do que uma alimentação com maior quantidade de frutas e vegetais. No entanto, pouco se fala sobre a importância que da nutrição que o vegetal, recebe recebida ao longo de seu crescimento, e a relação tem na qualidade nutricional dos alimentos que serão consumidos pela população.
O conteúdo de muitos minerais presentes nos alimentos de origem vegetal, como ferro, zinco, iodo, selênio, é altamente influenciado pelo teor desses minerais que estava presente no solo de cultivo. De maneira geral, alimentos cultivados em solos férteis possuem maior quantidade de micronutrientes do que aqueles cultivados em solos estressados degradados ou inférteis. O uso de fertilizantes, bem como o melhoramento de plantas através da biofortificação e o aprimoramento dos sistemas de cultivo são estratégias que podem ser adotadas para melhorar a qualidade nutricional dos vegetais.
O zinco, por exemplo, é um mineral cuja prevalência de inadequação em seres humanos é alta. Alimentos como ervilhas, quando cultivados em solo com concentrações adequadas desse mineral possuem uma concentração três vezes maior em suas sementes do que os cultivados em solos pobres em zinco. Além de aumentar os níveis de zinco na parte comestível da planta, a fertilização do mineral também torna a cultura mais resistente a patógenospragas e doenças, secas e outras condições de estresse.
Solos ricos em potássio estão associados a produção de frutos como laranjas, tangerinas e maçãs mais ricos em vitamina C. Alguns estudos indicam também que a fertilização de plantações com selênio também podem ser uma ferramenta estratégica para corrigir deficiências populacionais do mineral. Assim, uma alimentação equilibrada e com quantidades adequadas de todos os grupos alimentares é fundamental para que haja a ingestão de todas as vitaminas e minerais necessários para a saúde.
A fertilização pode ser entendida como mais uma estratégia para complementar o combate as deficiências nutricionais da população, garantindo maior aporte de micronutrientes em sua porção comestível e assegurando melhor produtividade por contribuir com a saúde do vegetal.
(*) – Consultor da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), é diretor de Serviço de Nutrologia e Nutrição Clínica do Hcor e Mestre em cardiologia pela UNIFESP.