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A energia solar, o coronavírus e a recuperação econômica

em Opinião
terça-feira, 02 de junho de 2020

Alcione Belache (*), Rodrigo Sauaia (**) e Ronaldo Koloszuk (***)

A pandemia tem suscitado um grande debate entre os gestores públicos mundiais e os especialistas em saúde e em economia.

Como promover a adequada segurança sanitária e, ao mesmo tempo, reduzir ao máximo os efeitos negativos da crise econômica colateral nas nações ao redor do globo? Dentro dessa discussão, há uma questão que paira sobre o setor produtivo mundial: como dinamizar as atividades econômicas com segurança, de modo a manter os negócios operando e as pessoas com emprego e renda, preservando, simultaneamente, a saúde da população?

Após o momento mais crítico da atual pandemia mundial, a fonte solar fotovoltaica será, certamente, uma ferramenta estratégica para o rápido reaquecimento das economias do mundo e, especialmente, do Brasil, país com um dos maiores potenciais solares do planeta. Trata-se da fonte renovável com o maior potencial de geração de empregos e renda no planeta. Para cada novo megawatt (MW) instalado, a solar gera de 25 a 30 novos postos de trabalho, a maioria deles localizados nas regiões em que os sistemas são instalados.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável, a fonte solar já é responsável por mais de um terço dos mais de 11 milhões de empregos renováveis do mundo. Outro diferencial é que estes postos de trabalho são ocupados por profissionais qualificados, com formação técnica e superior, além dos rendimentos serem maiores do que a própria média salarial brasileira. Por estes fatores, o setor solar fotovoltaico é reconhecido como uma potente mola propulsora do desenvolvimento, trazendo mais renda e poder de compra para as famílias brasileiras, além de gerar mais caixa para as empresas com a economia nos custos operacionais.

A solar também aumenta a arrecadação dos governos, ajudando a recuperação dos cofres públicos, reduzidos pelas necessárias medidas de combate à Covid-19. Para aliviar os efeitos da crise econômica decorrente do combate ao coronavírus, a Absolar apresentou ao Governo e ao Congresso a proposta de criação de um programa emergencial para instalar sistemas solares fotovoltaicos em consumidores de baixa renda com tarifa social. Também propôs à Aneel a permissão de doação dos créditos excedentes da geração distribuída às instituições de serviços essenciais que atuam no combate ao novo coronavírus, como hospitais e centros de saúde.

Não há como negar os impactos da pandemia para a economia brasileira e, consequentemente, ao setor fotovoltaico. Distribuidores de equipamentos solares relatam reduções entre 60% e até 90% no faturamento durante os primeiros 30 dias de isolamento, em comparação com janeiro ou fevereiro de 2020. Estes impactos variam conforme a região do País, pois o Brasil possui dimensões continentais e nem todos os lugares são afetados na mesma intensidade.

Por outro lado, também não se pode negar o papel propulsor da fonte solar fotovoltaica, inclusive na história recente do Brasil. Nas crises econômicas de 2015 e 2016, o PIB do País foi de -3,5% ao ano, mas o setor solar fotovoltaico cresceu mais de 300% ao ano, no mesmo período. Agora, mesmo considerando o período de crise aguda na economia brasileira e mundial, o setor solar fotovoltaico deverá crescer, tanto em termos globais quanto no próprio Brasil, apesar de fazê-lo em patamares menores que os previstos inicialmente.

No total acumulado, a solar já trouxe mais de R$ 26,8 bilhões em novos investimentos privados ao País, tendo gerado cerca de 130 mil empregos desde 2012. A fonte acaba de ultrapassar a marca de 5 gigawatts (GW) de potência operacional no Brasil, somadas as usinas de grande porte e os pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos. Como os dados demonstram, a solar poderá ajudar, e muito, a retomada da economia e dos empregos do País.

A exemplo do que já fez pela sociedade brasileira no passado próximo, a energia solar fotovoltaica está preparada para alavancar a recuperação do Brasil, tanto em termos econômicos quanto sociais e ambientais.

(*) – É CEO da Renovigi; (**) – é CEO da Absolar; (***) – É presidente do Conselho de Administração da Absolar.