Victor Canô (*)
Logo após o decreto da OMS de pandemia mundial de Covid-19, lideranças e entidades de diversos países tiveram que tomar medidas como o fechamento de fronteiras e comércios para contingência da curva de infectados. Algumas cidades, inclusive, entraram no tão temido lockdown, medida em que o isolamento social fica ainda mais restrito, podendo sair apenas com uma justificativa em mãos.
Com isso, empresas de diversos segmentos têm sentido os impactos da forte e rápida mudança de consumo que a quarentena tem imposto. Diante de um cenário tão incerto, é natural que surjam dúvidas de como se manter atraente para seu público-alvo e minimizar o máximo possível os impactos da maior crise econômica desde a Grande Depressão em 1929.
Logo, para reter custos, um dos primeiros serviços que os empresários decidem cortar é o de publicidade e do marketing. O que muitos não imaginam é que é justamente nesse momento que as marcas precisam estar evidência, mirando também no médio e longo prazo. Isso porque a restrição do contato físico e com o mundo exterior tem feito com que as pessoas passem mais tempo consumindo dentro de suas próprias casas.
E, por estarem constantemente conectados, o público quer – e precisa – saber as opções de produtos e serviços disponíveis no mercado nesse momento de isolamento social. Por isso, a grande questão aqui não é sobre investir em mídia digital ou não, mas sim em como fazer isso de forma assertiva e não sair de cena. Estudos recentes da Opensignal, empresa de análises móveis, mostram que o tempo de atividades online cresceu 8,1% em abril.
O mesmo levantamento também foi capaz de mapear que cerca de 60% do público tem passado o tempo ouvindo música, 40% em busca de jogos mobile e 24% procuram por descontos na internet. Esses números ajudam a levantar reflexões interessantes para repensar o modelo de negócio. Será que este não é o momento de adotar uma nova abordagem? Ou ainda, será que não seria interessante apostar em formatos mais interativos e lúdicos para prender a atenção de um futuro consumidor?
Vale reforçar que usar da publicidade não é sinônimo de oportunismo, mas de comunicação. Diante disso, nada adianta apostar em modelos “diferentões” se sua marca não possui um propósito bem definido para a sociedade. De acordo com um levantamento da Kantar realizado em março, a população brasileira espera que as marcas sejam mais engajadas e úteis no combate ao coronavírus, sendo que 21% dos entrevistados deseja praticidade e ajuda no dia a dia dos consumidores.
Além disso, 18% também espera as organizações usem sua voz para manter a população informada. Para isso, estar sempre atento ao que o seu público-alvo precisa vai muito além do produto ou serviço em si. Entender as recorrentes mudanças de comportamento da sociedade, adaptar a linguagem ao novo momento e proporcionar experiências diferenciadas são peças-chave para manter um modelo de negócio atrativo tanto agora quanto para o tão aguardado pós-pandemia.
(*) – É CEO da Cazamba, empresa de tecnologia em mídia que permite marcas engajarem com seus consumidores.