Ricardo Pinho (*)
Por bem ou por mal, o isolamento social obrigou varejistas a reforçarem sua atuação digital. Quem não o fez, perdeu uma rara janela de oportunidade em meio à crise: segundo a Neotrust/Compre&Confie, 5,7 milhões de brasileiros fizeram sua primeira compra online entre abril e junho. Por outro lado, com a retomada gradativa das atividades econômicas e, desde que se respeitem as medidas impostas pela vigilância sanitária de cada local, os estabelecimentos se preparam para um aumento importante do fluxo em lojas físicas.
Portanto, para garantir novas vendas e sucesso comercial, as lojas precisam se manter em pleno funcionamento a partir de um robusto planejamento e investimento em tecnologia, infraestrutura, conectividade e gestão. Mas esses fatores muitas vezes ficam em segundo plano, pois temos o hábito de só perceber os problemas, mesmo os que podem ser evitados com antecedência e medidas simples, quando eles já estão acontecendo e saltam aos nossos olhos.
Na Black Friday, que em 2020 deve ser mais online do que nunca, cometer esse deslize pode ser fatal: poucas horas sem sistema podem separar sucesso de fracasso na data mais importante do varejo. Para trazer essa reflexão ao primeiro plano, aprofundo três pontos de atenção que julgo essenciais para o varejista se prevenir.
. De olho na infraestrutura – Sem infraestrutura de rede e elétrica não há operação na loja física, simples assim. É preciso fazer verificações regulares para encontrar potenciais falhas e pontos de melhoria das conexões, pois, sem elas, não se realizam pagamentos, emissão de notas fiscais ou se mantém a conectividade. A intensa movimentação de clientes na Black Friday promete ser um teste de fogo para os sistemas e por isso é importante também fazer testes para verificar se a infraestrutura da loja é condizente com o aumento no movimento esperado.
. Disponibilidade e segurança de conexão – Segundo pesquisa da Retail Reimagined, sete em cada 10 consumidores brasileiros afirmam que já deixaram de realizar uma compra online por problemas no checkout, enquanto, em lojas físicas, 85% afirmam ter desistido de uma compra por conta de filas e serviços ruins. Na Black Friday, com o aumento de clientes, poucos minutos sem conexão plena vão trazer esses problemas à tona e impactar o desempenho da loja.
Outro problema trazido pelo maior tráfego online é a exposição aos riscos, como ataques phishing, que roubam informações pessoais. Só em 2020, a PSafe já registrou 47 milhões desses ataques, que capturam dados de cartão, senhas e números de conta bancárias.
Para mitigar esses problemas, o varejista pode investir antecipadamente em soluções tecnológicas de segurança cibernética, que garantem trafego seguro de dados, alta performance e disponibilidade de rede para o ponto de venda, e em empresas que oferecem serviços de monitoria para as lojas físicas e marketplaces, antecipando e solucionando em tempo real possíveis problemas e permitindo maior autonomia ao lojista.
. Gestão fiscal – É muito comum se preparar para aumentar o fluxo de vendas, mas não para as notas e impostos a serem pagos no mês seguinte. Como não deixar passar nada? É o que chamo de “preocupação do mês seguinte”. Esse problema, muitas vezes não visto por varejistas, pode ser evitado ao usar uma plataforma de gestão e conciliação eficiente, que permite controlar automaticamente todas as operações de compra e venda, sejam na loja física ou digital, e se ajustar para não ter problemas com o leão do Fisco no mês seguinte.
Prever todas as variáveis, ainda mais em um cenário volátil como o da pandemia, é tarefa árdua para o varejista, não há dúvida. Mesmo assim, é possível mitigar a grande maioria dos problemas com planejamento, atenção aos detalhes e uso inteligente da tecnologia ao nosso favor – com ela, prevenir se tornou muito mais fácil do que remediar.
(*) – É diretor executivo da Linx Bridge.