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Acesso ao crédito é essencial para a retomada da economia

em Negócios
quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Felipe Avelar (*)

Pesquisa realizada pela Serasa e Opinion-Box divulgada em julho aponta que 53% dos consumidores interessados na busca por crédito em bancos digitais no período pós-pandemia o farão pela agilidade no processo, baixa burocracia e condições de pagamento melhores que as oferecidas por instituições tradicionais.

Ora, se o consumidor final brasileiro desenvolve uma educação financeira atenta às possibilidades vantajosas oferecidas pelas fintechs no âmbito pessoal, é preciso refletir o que é possível para pequenos e médios empreendedores que carecem do acesso às taxas justas de mercado para que consigam manter o funcionamento de seus negócios.

Somente no primeiro semestre, foram abertos 2,1 milhões de novos negócios, entre pequenas e micro empresas e microempreendedores individuais (MEIs). O número é 35% maior do que o mesmo período de 2020 e o mais elevado desde 2015, de acordo com o Sebrae. Segundo o Governo Federal, as PMEs, como são usualmente chamadas, representam 30% do PIB brasileiro e são responsáveis por 55% dos empregos gerados.

Com o aumento do número de empresas e o fim da fase mais restrita do isolamento social imposto pela pandemia, o País encontra-se em um momento de crescimento gradativo de empreendedores aptos a tomar crédito. Dados recentes mostram que 26% das PMEs já conseguiram concessões. No ano passado, apenas 6% foram contemplados. O número é pífio perto da capacidade de giro monetário do Brasil, mas reflete a dificuldade em que se encontram empresários e a falha do sistema financeiro tradicional no aporte a estas empresas.

Além de taxas abusivas, programas de microcrédito não suprem a demanda ou seguem modelos que não são vantajosos, como crédito em grupo, para que haja dependência financeira e arranjo para garantir a adimplência forçada, por exemplo.
Neste cenário é que aparecem iniciativas facilitadoras de crédito e experts no gerenciamento de recursos empresariais por meio de intermediação com a cadeia de crédito, ou o chamado Supply Chain Finance.

Neste modelo, além de conectar o empresário com instituições dispostas a negociar, a grande oferta de mais de um player barateia a linha de crédito. A vantagem é que o intermediário, ao invés de uma grande instituição burocrática, é uma plataforma tecnológica e segura para que o fornecedor entre e confirme o pedido de compra ou até a venda efetivamente. Em termos técnicos, o rating passa para o pequeno empresário e ele consegue antecipar o recebível de forma fácil e dinâmica.

O modelo, crescente no Brasil, unifica as necessidades do pequeno e médio empresário, que precisa do capital de giro para sua empresa. Somadas, educação financeira e democratização do acesso ao crédito são grandes aliadas dos empreendedores para cortar as amarras impostas pelos grandes bancos até aqui.

De olho na mudança de comportamento econômico/financeiro e buscando a evolução do capital, é imprescindível dizer que agendas como o Open Banking e o Open Finance chegam para colocar o cliente no centro dos holofotes, uma vez que será dele a decisão de compartilhamento de seus dados para oferta de serviços e recursos.

O empoderamento do empresário é essencial para a retomada econômica. É preciso estar atento a quem realmente conecta o melhor player, oferecendo o melhor produto, no melhor preço. O presente e o futuro são cooperativos e somente aqueles que entenderem o processo estarão inseridos no modelo econômico funcional.

(*) – É fundador e CEO da startup Finplace, fintech que conecta empresas com instituições financeiras (www.finplace.com.br).