No Brasil, cerca de 61 milhões de brasileiros iniciaram o ano de 2020 endividados, segundo dados da CNDL/SPC. Com as paralisações por conta do combate ao coronavírus, esse quadro pode se agravar ainda mais. “O impacto disso ainda não pode ser mensurado, não sabemos quão severo isso pode ficar”, afirma o planejador financeiro CFP® pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros, José Raymundo de Faria Júnior.
Com a possibilidade de corte de salários no período de crise, a dificuldade e necessidade de repensar os gastos se torna mais complexa. “As pessoas precisam estar preparadas para se resguardar financeiramente e o orçamento é fundamental para organizar as dívidas já existentes, e também para ter o controle e não adquirir novas”, diz Eliane Tanabe, também planejadora financeira CFP® pela Planejar.
Segundo ela, o orçamento financeiro ajuda a identificar onde os gastos podem ser reduzidos, e principalmente, a controlar o impulso de comprar itens desnecessários. “É recomendado que as pessoas selecionem o que é gasto fundamental, como moradia, alimentação, escola e saúde, e o que é desnecessário, como roupas, eletrodomésticos, entre outros”.
Para quem já tem dívidas e não possui reserva de emergência para enfrentar o problema, uma alternativa nesse momento é pesquisar as ofertas dos bancos que estão prorrogando as parcelas por até 60 dias. “Analise as condições, pois qualquer oferta de renegociação precisa ser estudada, e dependendo da situação, pode ser benéfico nesse momento”, sugere Eliane.
A renegociação também pode ser uma opção para comerciantes e microempreendedores que vão enfrentar crises por conta da paralisação. “Serão cerca de 40 dias previstos de redução de receita para comerciantes, lojistas e pequenos empreendedores, ou seja, o imprevisto se intensifica a cada dia e é preciso ficar atento para os orçamentos e verificar quais as dívidas e despesas podem ser adiadas”, explica o José Raymundo.
Para comerciantes que atuam com vendas, o profissional CFP® ressalta que algumas alternativas são: dar férias coletivas, reforçar as vendas online, analisar as medidas do governo para auxílio de renda, verificar junto aos bancos a prorrogação do pagamento de financiamentos e a possibilidade de contar com a linha de capital de giro pelo BNDES, optando pelo adiamento do pagamento de impostos para as empresas do Simples, preservando o máximo de caixa.
“É o momento de renegociar dívidas, realizar acordos com fornecedores, ver se a cobrança de aluguéis das lojas será mantida, principalmente para os comerciantes que ficam nos shoppings que que tendem a ficar fechados por mais tempo nesse período”, indica o profissional CFP® da Planejar (AI/ABPF).