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O impacto da inflação na inovação alimentícia

em Mercado
segunda-feira, 22 de maio de 2023

Bruna Ruschel (*)

A inflação, ocasionada principalmente pelo aumento da emissão de moeda pelo governo, impacta o dia a dia da população brasileira. Com o aumento da circulação de moeda, tem-se um aumento geral dos preços. No setor alimentício, os efeitos da inflação ficam evidenciados, principalmente, na porção populacional de média e baixa renda, já que a incidência dos gastos com alimentação e suplementação no salário é expressiva.

Com isso, o esforço da comunidade científica na busca de suplementos e alimentos que melhoram a saúde mental, acaba não atingindo uma camada significativa da população brasileira, já que se torna algo inviável financeiramente.

Passou-se o tempo em que a nutrição estava associada apenas às pessoas que queriam emagrecer. Atualmente, sabe-se que o seu padrão alimentar impacta também sua saúde mental, ou seja, com a produtividade, cognição, prevenção de doenças mentais e declínio cognitivo. Basta buscar no Pubmed – plataforma de busca de artigos científicos – “nutrients and mental health”, que vemos o número de artigos sobre essa temática, e que tende a aumentar.

Caso ainda restem dúvidas, há dois artigos que irão ajudá-lo no convencimento. O primeiro, publicado no periódico JAMA (2023), que acompanhou 11 mil pessoas durante oito anos, verificou que a ingestão superior a 20% de alimentos ultraprocessados por idosos e adultos foi associada a um declínio cognitivo acentuado.

Em contraste, outro artigo, realizado no Reino Unido, com uma amostra de 60 mil idosos, ao longo de nove anos, mostrou que a dieta mediterrânea (rica em gorduras do azeite e sementes, antioxidantes, proteínas magras, vegetais, frutas etc.) diminui em 23% o risco de demência.

Além disso, pesquisa elaborada pela Mintel, empresa privada de pesquisa de mercado sobre tendências e inovação para nutrição, mostra que uma das tendências de 2023 está relacionada ao desempenho mental. Este pilar de inovação mostra que os consumidores, de fato, estão em busca de nutrientes que ajudem no seu desempenho mental, como DHA, cafeína, vitaminas do complexo B e magnésio.

Contudo, apesar dessa tendência crescente, o aumento dos preço dos suplementos com qualidade para saúde mental no Brasil muitas vezes inviabiliza que muitas famílias tenham acesso a isso, forçando-as a substituir os suplementos que consomem em sua dieta por outros de qualidade inferior, ou, até mesmo, deixando-os de consumir.

(*) – Mestranda em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, é Nutricionista da La Prat Bioevolution (https://laprat.com.br/).