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O impacto da bancarização do varejo no endividamento do consumidor

em Mercado
quarta-feira, 16 de novembro de 2022

A atuação do varejo como instituição financeira não é novidade na economia brasileira. A venda parcelada para consumidores que não podem pagar à vista existe formalmente desde a década de 1950 no País, como uma oficialização da prática que remonta à Revolução Industrial Europeia, quando a relação de confiança entre o comerciante e o proletário era crucial para que, mesmo sem dinheiro na hora compra, as vendas pudessem se consolidar.

Esse sistema foi evoluindo ao longo dos anos e, por conta do avanço tecnológico dos meios de pagamento, as operações financeiras se tornaram peças importantes nas fontes de receita do varejo. Esse panorama foi o tema da palestra da economista Izis Ferreira, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), na Rio Innovation Week.

Conforme Izis, o pagamento por PIX, QRCode, biometria facial e outras soluções de agilidade e segurança nas transações de e-commerce ampliaram a importância de ter uma instituição financeira que sustente as operações tanto do varejo como da venda de produtos financeiros, como seguros e capitalizações. Além disso, a intensificação do uso de dados dos clientes permite a análise de crédito mais acurada e eficiente do que as próprias instituições bancárias tradicionais, já que as lojas estão mais próximas do cliente para capturar essas informações.

. Fidelização também para operações bancárias – “Varejistas como Lojas Renner, Riachuelo, Ponto Frio, Casas Bahia e Americanas, entre outras tantas, possibilitam que pessoas alijadas do sistema financeiro, que têm ocupações informais ou mesmo não possuem toda a documentação necessária para obter crédito bancário, sejam incluídas no contexto de consumo”, analisa a economista.

As lojas passam a se confundir com bancos quando utilizam estratégias de fidelização para gerar compras recorrentes utilizando as soluções financeiras oferecidas pela própria empresa. A loja está mais próxima do consumidor, ela participa da gestão do dinheiro do cliente e, com isso, a operação financeira se torna a base da integração entre a loja física e o e-commerce.

A economista da CNC também pontuou que, operando com crédito próprio, as varejistas têm mais rapidez na análise de capacidade de pagamento de cada um dos consumidores, o que proporciona mais eficiência em datas comemorativas, que são os momentos de pico de vendas. Além disso, com o histórico financeiro dos clientes, é possível desenhar mais positivamente os cenários possíveis em curto, médio e longo prazo.

. Endividamento no carnê é o maior desde 2013 – Desde 2010, a CNC realiza mensalmente a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), com base em respostas a questionários aplicados a aproximadamente 20 mil brasileiros. Um dos dados apontados durante a palestra da economista, responsável pela Peic, é que o endividamento nos carnês em outubro de 2022 foi o maior desde 2013 – 19,4% do total de pessoas endividadas, em sua maioria mulheres, com mais de 35 anos, renda média a baixa e com ensino médio incompleto.

. Monetização de dados dos clientes – Com o Open Banking (sistema de troca de informações dos clientes entre as empresas operadoras do sistema financeiro), existe uma oportunidade de monetização dos dados dos consumidores, como perfis de consumo e momentos de compra, por exemplo. “A cultura analítica de dados aumenta a inteligência dos negócios. Hoje, quando se consegue ter a capacidade de captura e análise de dados, garante-se eficiência e melhoria de resultados, tanto no varejo quanto na própria operação financeira”, afirmou Izis Ferreira. Fonte: Gecom/CNC.