“A recessão atual tem uma causa biológica e uma solução biológica”, ressaltou, em live, Campbell Harvey, professor de finanças da Fuqua School of Business da Duke University. “O segredo, claro, é minimizar os danos à atual estrutura econômica. Se pudermos fazer isso, teremos uma recuperação acentuada. Não é uma recuperação lenta, na qual há muita incerteza”, afirma. A chave para a recuperação é conseguir que pequenas empresas – como bares, restaurantes e empresas de varejo, além das milhares de companhias que fazem parte das cadeias de suprimentos – consigam sobreviver a esse período.
Assim, quando o país voltar ao trabalho, essas empresas ainda estarão em pé e seus trabalhadores terão seus empregos, possibilitando a retomada econômica. Harvey ainda destaca que isso depende não apenas de o governo fornecer financiamento de emergência, mas também de se aplicar o dinheiro rapidamente, o que não foi o caso dos Estados Unidos. As empresas que solicitam fundos no âmbito do Programa de Proteção de Pagamento no Small Business Administration relatam problemas técnicos generalizados, que as impedem de enviar suas aplicações.
Os bancos dizem que recebem numerosas solicitações. Por isso, o processamento desses empréstimos levará tempo. “Não é o que queremos. Essa é basicamente uma iniciativa executada pelos bancos, mas com a supervisão do Tesouro norte-americano e da Administração de Pequenas Empresas. Precisamos fazer um trabalho muito melhor para tornar isso o mais eficiente possível. Não podemos esperar seis meses para implantar esses empréstimos-ponte”, pondera o professor.
O professor da Duke Fuqua comparou, ainda, o novo coronavírus à forma como a economia dos Estados Unidos reagiu à gripe espanhola em 1918. “Começou na primavera [de 1918] e diminuiu no verão. Ainda assim, no outono, vivemos tempos muito difíceis. E em 1919, as pessoas estavam se perguntando, isso vai voltar? Haverá outra
onda?”, relembra Harvey, ao salientar que havia muita incerteza, fator que atrasa a recuperação econômica. Porém, no caso do novo coronavírus, foram necessárias apenas algumas semanas para mapear o DNA do micro-organismo, e os cientistas iniciaram testes para inúmeras vacinas.
Identificar e implantar uma vacina segura e eficaz geralmente leva até 18 meses, de acordo com Harvey, mas devemos esperar uma solução mais rápida, no início de 2021, dado que os riscos são altos.
“Existem outras iniciativas para mitigar os sintomas que devem estar disponíveis em breve”, disse Harvey. “E, de fato, quando a vacina é implantada, tudo fica essencialmente esclarecido. A incerteza está resolvida”, reforçou. Para conferir a apresentação, acesse o link: (http://www.fuqua.duke.edu/duke-fuqua-insights/cam-harvey-covid19-there-light-end-tunnel).