Nathan Moojen (*)
É fato que, com a chegada da pandemia e do isolamento social, as vendas online se tornaram muito mais frequentes. Um estudo da Ebit/Nielsen e Elo mostrou que o faturamento das vendas online registrou um aumento de 47% no 1º semestre de 2020. Não foi coincidência: para evitar o contágio, mergulhamos de cabeça no e-commerce. Mas quando um pedido é feito online, é necessário entregá-lo, certo? E aí, com o aumento no volume de vendas, o problema com as entregas estourou.
Isso levou a fretes mais caros, prazos de entrega maiores e o chamado “frete grátis” cada vez menos frequente. Alguns fatores contribuíram para tal cenário. O primeiro é que ninguém esperava por isso. Muitos varejistas e atacadistas não esperavam essa alta demanda do online e não puderam se planejar com antecedência. Mesmo aqueles que já tinham certa estrutura digital tiveram que aumentar suas equipes ou repensar seu modelo de trabalho.
A logística interfere diretamente nos prazos de entrega. O Brasil é um país muito grande e sua malha é extremamente precária em algumas regiões. Isso sem contar com algumas localidades de difícil acesso, como aquelas em que é necessário o uso de balsas para entregar os produtos ao destino final. Normalmente, elas estão localizadas nos estados do Acre, Amazonas, Amapá e Pará. Assim, nessa área, o prazo de entrega fica muito maior do que em outras.
Outro problema que afeta o preço e o prazo de entrega dos fretes é a centralização dos centros de distribuição. Em geral, as cotações de frete que têm origem e destino no Sul e Sudeste do Brasil são mais baratas em relação às outras regiões. Isso acontece porque a maior parte dos pedidos online que são efetuados no Brasil está localizada nessas regiões, fazendo com que os centros de distribuições também se instalassem nesses locais.
Porém, a realidade pós-COVID-19 é outra: um estudo da Nuvemshop, apresentado no evento ‘Potencialize-se E-commerce’, apontou que, das 17 regiões que apresentaram aumento nas vendas acima da média nacional no 1º semestre de 2020, 13 estavam no Norte e Nordeste do Brasil. Por tudo isso, o custo do frete da venda online pode representar de 10 a 15% do valor total do pedido, um acréscimo significativo que, inclusive, impactou o “frete grátis” antes oferecido por algumas lojas.
O aumento nos custos tornou a estratégia praticamente inviável, fazendo com que as empresas revejam suas políticas para o custeio das entregas. Ficou mais evidente do que nunca a necessidade de uma reorganização em toda a cadeia para atendermos a essa nova demanda – que veio para ficar.
(*) – É fundador e CEO do marketplace Moda Online.