O déficit habitacional no Brasil segue atingindo recordes. Segundo um estudo conduzido pelo economista Robson Gonçalves, professor da FGV, a pedido da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o número de pessoas sem casa própria deve gerar uma demanda para mais 30,7 milhões de novos domicílios até 2030.
Em meio ao desejo latente de um lar, uma dúvida é recorrente. O que vai mais a pena: financiar um imóvel ou alugar? A resposta, por mais óbvia que pareça, depende do perfil, visto não existe uma única realidade ou um único caminho. Porém, ao considerar o cenário atual, o especialista no setor imobiliário, Rafael Scodelario explica que financiar um imóvel pode ser uma saída mais segura.
Com a pandemia, a taxa básica de juros, a famosa Selic, caiu para cerca de 2%, o que motivou uma movimentação de investimentos e principalmente uma maior competitividade por parte dos bancos que passaram a oferecer taxas mais atrativas. “Esse estímulo é o que faz, atualmente, o financiamento se sobressair ao aluguel, visto que um dos principais argumentos para a opção por esse tipo de moradia é poder trabalhar em fundos para compras à vista. Porém, isso não é mais vantajoso”, explica.
Outro ponto é que a inflação sobre os alugueis atingiu o maior IGP-M em 17 anos, representando uma alta de quase 21% em 12 meses. Segundo o especialista, nenhuma aplicação atualmente se sobressai a vantagem de um patrimônio sólido, que com o tempo só tende a valorizar. “Essa redução de juros torna o financiamento mais atrativo. A pessoa que possui, por exemplo, 100 mil em aplicações e com esse montante dá entrada em um financiamento tem um aproveitamento maior do dinheiro, já que ela pode reaver essa quantia ao vender ou alugar o imóvel por exemplo”.
Para o especialista, mesmo a pessoa que não deseja morar no imóvel tende a ganhar na escolha. “A vantagem de ter um patrimônio é a segurança e o fato de que é um dinheiro investido e não um sem retorno como o do aluguel. A pessoa pode, por exemplo, financiar e alugar o local, de forma que o imóvel se pague e o fator solidez ainda é presente”, aponta. Fonte: MF Press Global.