Diogo Angioleti (*)
Para muitos brasileiros, as dívidas parecem ser adversários implacáveis que pressionam o tempo todo. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 78,8% das famílias, atualmente, estão endividadas.
Nessa leitura, gostaria que você embarcasse comigo e imaginasse que sua vida financeira fosse um grande jogo de futebol. Nesse meio de campo, vencer exige uma formação bem planejada, onde cada posição é essencial para virar o placar e conquistar uma vida financeira mais equilibrada.
Na defesa, seu zagueiro principal é o orçamento. Ele precisa ser sólido, controlar a bola e bloquear os ataques das dívidas que ameaçam a estabilidade. Ele representa a prática de listar e priorizar as dívidas com as maiores taxas de juros, que são as mais perigosas.
Dados do Banco Central mostram que em 2024 o comprometimento de renda das famílias brasileiras com dívidas atingiu 26,8% em agosto. Monitorar despesas e evitar compras impulsivas são ações que fortalecem essa linha defensiva, mantendo suas finanças protegidas.
O volante — o meio-campo defensivo —, é a negociação com os credores. Assim como ele precisa estar atento para cortar ataques e reorganizar o time, negociar as dívidas é essencial para se proteger das armadilhas dos juros altos.
Ao propor condições melhores, que cabem no seu orçamento ou prazos mais longos, você evita que as dívidas avancem. O volante é a inteligência no jogo, sempre à frente, ajustando as condições para o time continuar avançando.
No meio-campo criativo estão o planejamento e o controle de gastos. Esse é o coração do time, onde se ditam as jogadas e se evita o consumo impulsivo. Planejar é como organizar passes precisos, cada um levando você mais perto do gol.
Antes de gastar, faça uma pausa e pergunte-se se essa “jogada” vai contribuir para seu sucesso financeiro ou é só um drible desnecessário. Cada escolha feita com propósito evita perder a posse de bola para o adversário e mantém o time no controle do jogo.
O ataque pode ser representado pelos seus objetivos financeiros. São eles que motivam você a continuar no jogo por meio dos “gols” que você quer marcar: quitar as dívidas, formar uma reserva de emergência, conquistar um sonho de consumo ou investir em uma experiência de vida.
A inadimplência entre famílias de baixa renda atingiu 37,7% em outubro de 2024, segundo a CNC. Assim como um bom atacante, seus objetivos precisam ser claros, estar bem-posicionados e ser realistas para não desperdiçar chances.
Por fim, o goleiro é o apoio emocional. Ele defende o time nos momentos de pressão e mantém o equilíbrio, a fim de evitar que o time se desestabilize. O endividamento é emocionalmente desgastante e contar com um “goleiro” – seja o apoio de amigos, familiares ou profissionais – oferece a tranquilidade e a confiança para seguir em frente. É o suporte essencial para o time segurar firme até o apito final e celebrar uma vida financeira equilibrada.
Lembre-se, no jogo das finanças, cada posição tem sua importância. Com uma defesa sólida, um meio-campo estratégico, um ataque eficaz, um goleiro atento e um treinador inspirador, você estará preparado para driblar as dívidas e marcar os gols que levarão à sua vitória financeira.
(*) – É gerente de gente e gestão do Sistema Ailos (https://www.ailos.coop.br/).