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Aumento de combustíveis incentiva venda de veículos elétricos

em Mercado
segunda-feira, 28 de março de 2022

A alta no preço dos combustíveis tem lançado atenção a um outro tipo de veículo: o elétrico. As vendas de modelos eletrificados (EVs) no Brasil tiveram o melhor mês de fevereiro da série histórica da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), com 3.435 emplacamentos. Esse número equivale a um aumento de 147% sobre fevereiro de 2021 (1.389) e de 34% sobre janeiro de 2022 (2.558).

No ano passado, as vendas totais de EVs foram de 34.990 unidades, incluindo os híbridos, ou seja, 1,8% do total, com base no Renavam. Atualmente, há 79,8 mil deles em circulação no país, entre automóveis, utilitários e veículos comerciais leves. Esse dado não inclui ônibus, caminhões e veículos levíssimos. Segundo o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, o crescimento é positivo, mas pode e deve ser muito melhor.

“As vendas no Brasil estão crescendo. Entretanto, se compararmos só os veículos elétricos de bateria (BEV) e os elétricos híbridos (PHEV), o Brasil emplacou apenas 0.9% do total em fevereiro”. Ele compara esse percentual com o da Alemanha, por exemplo, cujas vendas de elétricos saltaram de 3% do mercado local em 2019 para 26% em 2021 (25% em fevereiro de 2022). Na China, as vendas de veículos leves de “novas energias” atingiram 13% do mercado do país em 2021.

Na Europa, esse market share chegou a 17% no ano passado. Nos Estados Unidos, a 4%. O mercado global de elétricos leves alcançou 8,3% das vendas totais, com 6,7 milhões de veículos vendidos em 2021 (EV Volumes). O sócio-líder da EY para o setor automotivo no Brasil, Marcelo Frateschi, afirma que a evolução da participação dos veículos elétricos leves nas vendas domésticas do Brasil vem crescendo ano após ano e superando as expectativas e previsões iniciais.

“Com investimentos pesados das montadoras globais na substituição de seu portfólio, planos governamentais de mudança de veículos de transporte públicos para modais elétricos e adesão de países, estados e cidades em planos de redução de geração de carbono, acredito que esse percentual até 2030 será superior aos 20%”, analisa. O crescimento ainda depende de alguns fatores, tais como investimentos em fábricas locais, infraestrutura para geração de energia limpa ou autogeração de energia e incentivos tributários para o desenvolvimento de tecnologia local entre outros.

“Para acelerar o crescimento, investimentos nos parques fabris serão fundamentais, além de investimentos na infraestrutura para gerar energia adicional para suportar uma frota 100% elétrica no Brasil. Outro desafio é implementar infraestrutura de recarga em um país com dimensões continentais para que os veículos pesados possam levar mercadorias de norte a sul sem problemas de reabastecimento das baterias”, explica.

A recarga também é um desafio para os proprietários de veículos 100% elétricos, principalmente para aqueles que moram fora dos grandes centros onde a oferta de estações de carregamento ainda é escassa. O tempo de recarga também já está sendo otimizado para cada vez mais diminuir esse processo. Já existem carregadores capazes de uma carga completa em 15 minutos. Para resolver essa questão, montadoras, fornecedores e startups estão trabalhando em algumas frentes.

“Melhorar a qualidade da bateria para aumentar a autonomia de veículos, seja veículo privado, comerciais leves ou utilitários; promover recargas cada vez mais rápidas e locação de baterias, entre outras frentes”, diz Frateschi. Uma iniciativa para incentivar os consumidores a adquirir veículos elétricos/híbridos plugáveis, na opinião de Frateschi, seria o governo criar o “imposto verde”, com alíquotas reduzidas ou isenções tributárias para aquisição tanto do veículo como dos sistemas de geração de energia.

“Poderia também oferecer um sistema de redução progressiva tributária para quem gerar menos carbono ou ainda incentivar a geração de crédito de carbono para compensar a carga tributária de pessoas físicas ou jurídicas”. (Fonte: Agência EY).