Paulo Castro (*)
Por conta do cenário político muitas apreensões recaem sob a sociedade e, consequentemente, o campo econômico é um dos mais afetados — e isso tem motivo. 2021 fechou o ano com uma inflação acumulada de 10,06% de acordo com o IBGE e não apenas estourou a meta inflacionária, como esta é a maior inflação desde 2015 quando o número chegou a 10,67%.
O Brasil já teve dias piores quando se trata de inflação. No início da década de 1990, o acumulado do ano ultrapassava os 1000%. Os brasileiros sobreviveram, mas isso não significa que tenha sido algo fácil. Não é à toa que os brasileiros têm trauma de inflação: e só de ouvir falar essa palavra que já são transportados para uma época o aumento dos preços era diário.
A questão é que, no Brasil, as micro e pequenas empresas correspondem por 99% do total de empresas no país, bem como geram, sozinhas, mais de 50% dos empregos. Todo esse impacto ainda não é o suficiente para que as instituições financeiras e o poder público deem a atenção que elas merecem. As taxas de juros para crédito podem chegar a 10% ao mês para uma PME sendo que ela é uma das que mais precisam desse dinheiro para continuar crescendo, gerando emprego e movimentando a economia brasileira neste momento tão delicado.
Apesar de tudo, a resiliência das PMEs durante o período de isolamento é inspiradora: cerca de 2,1 milhões de PMEs foram criadas durante a pandemia segundo o Sebrae. Ao contrário dos grandes negócios, as pequenas empresas significam o mundo para os seus donos e eles não estão dispostos a desistir fácil. A tendência é que com a flexiblizaçãodas medidas sanitárias por conta da vacinação em massa, a economia volte a circular e as PMEs realmente colham os frutos dos esforços que fizeram para passarem pelo último biênio.
(*) – É CEO e co-founder do Contbank, fintech especializada em produtos financeiros com atendimento feito por contadores.