Thiago Freitas (*)
A falta de educação adequada e o desemprego protagonizam uma relação direta no quesito empregabilidade no país. Para melhor entendimento, quanto maior o nível de educação, melhores são as oportunidades de emprego e renda, enquanto que a falta de educação formal, ou níveis muito baixos, pode levar ao desemprego e condições de vida precárias. A população mais pobre é especialmente enquadrada nessa dinâmica, enfrentando dificuldades adicionais para encontrar emprego e melhorar sua condição socioeconômica.
O desemprego é um desafio social e econômico enfrentado por muitos países em todo o mundo. Muitas variáveis influenciam nas taxas de desemprego, e a educação é uma delas. A qualidade e o nível de educação de uma população têm um impacto significativo no mercado de trabalho, afetando diretamente as oportunidades de emprego e as perspectivas favoráveis.
Os indivíduos com maior educação formal têm mais probabilidade de adquirir habilidades e conhecimentos específicos que são valorizados no mercado de trabalho. Essas habilidades aprimoradas aumentam suas chances de encontrar emprego e, geralmente, receber salários mais elevados.
Nesse quesito salário, porém, a renda média dos brasileiros é significativamente inferior à renda média mundial. De acordo com dados do Banco Mundial, a renda média per capita no Brasil em 2020 foi de cerca de US$ 8.650. Essa renda é considerada baixa em comparação com a média mundial, que foi de aproximadamente US$ 11.570. Por outro lado, é importante ressaltar que a renda média varia consideravelmente de um país para outro e depende de vários fatores, como o nível de desenvolvimento econômico, a estrutura do mercado de trabalho e a distribuição de renda em cada país.
O Brasil segue muito atrás em modelos que visam mitigar o desemprego sustentado no pilar da educação. Por exemplo, países como Alemanha, Suíça e Holanda, que têm sistemas de educação e treinamento voltados para o desenvolvimento de habilidades práticas e técnicas, geralmente apresentam taxas de desemprego mais baixas. Esses países enfatizam a formação profissionalizante, que prepara os estudantes para atender às necessidades específicas do mercado de trabalho e ajuda a reduzir a lacuna entre a educação e o emprego.
De acordo com um levantamento publicado no ano passado, houve um aumento expressivo de pessoas sem trabalho de longo prazo das classes D e E, elevando ainda mais a desigualdade no Brasil. Entre 2015 e 2021, o número de indivíduos desempregados há mais de dois anos nas classes D e E cresceu 173%; na C, 86%; e na B, 53%; enquanto que na classe A houve queda de 37%.
Os números endossam a realidade da população em níveis extremos de pobreza, que enfrentam taxas de desemprego mais altas e têm menos oportunidades de melhorar suas condições de vida. O desemprego pode levar a uma série de problemas sociais e psicológicos, que, além da condição precária persistente, a falta de acesso a serviços básicos, marginalização e exclusão social. Esses efeitos negativos criaram um ciclo vicioso, dificultando ainda mais uma ascensão econômica.
Nesse contexto, porém, existem medidas assertivas para enfrentar o desemprego, sendo o investimento em educação e capacitação a principal delas. Como modelo de sucesso em outros países, deve-se priorizar a educação de qualidade em todos os níveis e garantir que ela esteja alinhada com as demandas do mercado de trabalho.
Além disso, outras medidas governamentais como incentivo ao empreendedorismo, com o objetivo de promover políticas e programas que incentivem a criação e o crescimento de pequenas e médias empresas; estímulo a setores estratégicos, como tecnologia, energias renováveis, agronegócio, indústria criativa e turismo; políticas de fomento ao emprego, como incentivos fiscais para empresas que contratem trabalhadores desempregados – especialmente pessoas em situação de vulnerabilidade; programas de qualificação profissional, criando programas de qualificação profissional acessíveis para as necessidades do mercado de trabalho; entre outros.
É importante ressaltar que o combate ao desemprego requer uma abordagem abrangente e coordenada do governo, do setor privado e das instituições de ensino. A sociedade civil, especialmente os desempregados, enquadram-se nesse processo como beneficiários dessas ações. No entanto, essas pessoas devem buscar uma (re)qualificação acadêmica como ferramenta inicial e principal para alcance de empregabilidade.
(*) É sócio e co-fundador do EJA Brasil EAD.