Presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. |
Alvo da 16ª fase da Operação Lava Jato, o diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, e vice-almirante da Marinha, Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso ontem (28) pela Polícia Federal (PF), recebeu cerca de R$ 4,5 milhões de propina do consórcio vencedor da licitação para a montagem da Usina Nuclear Angra 3, segundo o Ministério Público e a PF. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, o consórcio formado pela empresas Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão repassava recursos para empresas intermediárias, que repassavam a propina para Othon Luiz Pinheiro da Silva.
Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, o repasse de recurso ao então diretor-presidente da Eletronuclear ocorreu até dezembro do ano passado, nove meses depois de deflagrada a Lava Jato e após a prisão de vários empreiteiros. “Há indícios de pagamento de propina por parte da Andrade Gutierrez em contratos desde 2009 para uma empresa de propriedade de Othon Luiz. Os elementos indicam que ele recebeu R$ 4,5 milhões”, disse. “A corrupção no Brasil é endêmica e está espalhada por vários órgãos, em metástase”, acrescentou o procurador.
A 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radioatividade, foi desencadeada a partir do depoimento do executivo da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, que assinou acordo de delação premiada. Ele revelou a existência de um cartel nas contratações de obras da Angra 3 e chegou a citar Othon Luiz Silva como beneficiário de propinas. Na ocasião, Silva negou ter participado ou conhecimento de qualquer irregularidade. Em nota à época, ele afirmou que jamais recebeu propina e que vive de sua aposentadoria da Marinha e de seus vencimentos como presidente da Eletronuclear. Ele se afastou do cargo em 29 de abril, após ser citado na Lava Jato.
Também foi preso o presidente global da AG Energia, Flávio Barra, subsidiária da Andrade Gutierrez (ABr).