Após quase dois meses de protestos no Iraque, o primeiro-ministro Adel Abdul-Mahdi anunciou sua renúncia na sexta-feira (29), provocando uma onda de euforia entre os manifestantes reunidos na Praça Tahrir, centro de Bagdá. A decisão chega um dia depois de mais de 40 pessoas terem morrido durante a repressão aos protestos e horas após a maior autoridade xiita do país, o grande aiatolá Ali al-Sistani, ter pedido para o Parlamento trocar o premier.
Abdul-Mahdi disse em um pronunciamento que ouviu “com grande preocupação” o sermão de Sistani e que apresentará sua renúncia ao Parlamento. O primeiro-ministro está no poder há 13 meses, após um acordo entre diferentes blocos políticos, mas se viu acossado por uma revolta popular contra o desemprego, a corrupção e a baixa qualidade dos serviços públicos.
Em seu tradicional sermão de sexta-feira, Sistani havia dito que o Parlamento deveria “reconsiderar suas opções”, dando o golpe de misericórdia no premier. Apesar da alegria nas ruas com a renúncia de Abdul-Mahdi, os protestos miram toda a classe política que comanda o Iraque desde a queda de Saddam Hussein, em 2003.
As manifestações começaram em 1º de outubro e, desde então, quase 400 pessoas já morreram, sobretudo jovens atingidos pelas forças de segurança. “Não vamos parar no primeiro-ministro, ainda temos muito pelo que lutar”, disse a manifestante Amira, de 25 anos. Ex-ministro das Finanças e ex-vice-presidente, Abdul-Mahdi era visto como independente e foi o primeiro chefe de governo de fora do Partido Islâmico Dawa, em 12 anos (ANSA).