Diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo. Foto: Fabio Rodrigues/ABr |
O diretor-geral da OMC – Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, enfatizou ontem (19) a necessidade de agir para resolver as tensões comerciais na comunidade internacional e disse que, independentemente da opinião que se tenha sobre a existência de uma possível guerra comercial entre Estados Unidos e China, “os primeiros tiros já foram dados, e não foram poucos”.
Durante uma palestra na Firjan, no Rio de Janeiro, Azevêdo defendeu reformas na entidade e alertou que o caminho adotado pelos dois gigantes econômicos mundiais é muito perigoso. “A organização nunca foi tão relevante como é agora e o próprio interesse dos líderes de falar da OMC, revigorar, mostra que a alternativa de um mundo sem OMC será um desastre total”, disse Azevêdo.
“Será um mundo de incertezas, unilateralismo, nacionalismo exacerbado e intolerância também. Isso vai afetar não só as relações econômicas e comerciais, mas terá um impacto nas relações políticas e estratégicas”, afirmou. Ao responder perguntas dos jornalistas no fim do evento, Azevêdo afirmou que a tensão entre as duas potências é muito preocupante e pode escalar para outras áreas além da tarifária. Países como o Brasil, conta ele, revindicam que as discussões não deixem de lado assuntos tradicionais como a agricultura.
Nos últimos 12 meses, a OMC teve o maior número de casos abertos dos últimos 16 anos. O volume de comércio coberto por medidas restritivas dobrou no último ano e, nos últimos seis meses, foi adotado um grande número de medidas como tarifas e restrições aduaneiras. “O certo é que essa escalada cria muita incerteza e vai afetar o crescimento do comércio e do PIB mundial. Decisões de investimentos são afetadas”, explicou Azevêdo, que apontou que o cenário já atinge as economias da Argentina e da Turquia (ABr).