O ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn disse ontem (8) que “não teve escolha” a não ser fugir do Japão para o Líbano. A declaração foi dada em uma coletiva de imprensa em Beirute, cidade para onde o executivo franco-brasileiro escapou no fim do ano passado. “Foi uma decisão difícil, tomada na impossibilidade de ter um julgamento justo”, afirmou.
Essa é a primeira entrevista de Ghosn desde novembro de 2018, quando ele foi preso no Japão sob a acusação de fraude fiscal. Desde então, o executivo passou 130 dias na cadeia, foi demitido da presidência da Nissan e da Mitsubishi e renunciou ao mesmo cargo na Renault. Ghosn ficou preso em isolamento e foi libertado pela última vez em 25 abril de 2019, mediante pagamento de fiança.
Sua casa em Tóquio era vigiada por câmeras de segurança, mas ainda assim ele conseguiu fugir para o Líbano, onde também tem cidadania. “Não escapei da Justiça, eu fugi da injustiça e de perseguições políticas”, declarou Ghosn, dizendo ser vítima de uma “campanha sistemática de atores malévolos” para “destruir” sua reputação. “Eu era refém de um país ao qual servi por 17 anos”, salientou.
De acordo com o executivo, ele era “interrogado durante oito horas por dia, sem advogados e sem entender exatamente do que era acusado”. No período de liberdade condicional, Ghosn também tinha seus deslocamentos e encontros limitados. “Fiquei nove meses separado de minha esposa [Carole Ghosn]”, disse. O brasileiro ainda acusou as autoridades japonesas de violarem seus “direitos humanos” e sua “dignidade” (ANSA).