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João Santana: Lula sabia e dava ‘palavra final do chefe’ sobre caixa 2

em Manchete
quinta-feira, 11 de maio de 2017
Felipe Cotrim/VEJA.com

Felipe Cotrim/VEJA.com

Marqueteiro João Santana.

Brasília – Em anexo de delação premiada, o marqueteiro João Santana informou ao MPF que o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma tinham ciência de pagamentos oficiais e de caixa 2 feitos como contraprestação aos serviços prestados em campanhas eleitorais. Falou diversas vezes com Lula e Dilma quando necessitava fazer cobranças. “Nestas oportunidades, tanto Lula como Dilma se comprometeram a resolver o impasse e, de fato, os pagamentos voltavam a ocorrer. Tanto os pagamentos oficiais, quanto os recebimentos de valores através de caixa 2”, informa o marqueteiro.
Santana fala da relação da Odebrecht no pagamento das dívidas de campanha e diz que Dilma e Lula sabiam que a conta seria paga com recursos de caixa dois da empreiteira baiana. Narra ainda que o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, dizia que decisões definitivas sobre pagamentos dependiam da “palavra final do chefe”, em referência a Lula. Em dois momentos da campanha à reeleição de Lula, Santana diz ter ameaçado interromper os trabalhos em razão de inadimplência.
Depois disso, o petista pressionou Palocci que “colocou a empresa Odebrecht no circuito”, segundo o anexo da delação. Santana foi questionado por procuradores quais questões que, segundo Palocci, dependeriam do “respaldo do chefe”. O marqueteiro disse que eram questões referentes aos valores totais de seus honorários nas campanhas.
Santana diz, em seu relato, que soube por sua esposa que Palocci tinha “poder quase absoluto” sobre o fundo de caixa dois do PT manuseado pela Odebrecht.
A empreiteira baiana revelou na delação premiada de seus executivos que havia uma conta corrente destinada aos governos do PT. O marqueteiro confirma a existência da conta corrente. Segundo Santana, Palocci o questionou “você tem conta no exterior?”. Após uma resposta afirmativa, o ex-ministro da Fazenda disse que depósitos seriam feitos fora do País pela Odebrecht “para segurança de todos” e que a empresa tinha “o respaldo do chefe” (AE).