Juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. |
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal no Rio, disse que ao fundamentar uma pena em casos de corrupção sistêmica ou generalizada, usará palavras duras, porque essa corrupção vem sendo considerada crime contra a humanidade, “até comparado a genocídio, que é matar em grande escala pessoas que dependem do Estado”. Ao falar na FGV, na capital fluminense, para estudantes de direito, Bretas explicou que existe um pacto social, pelo qual o Estado se compromete a garantir uma quantidade “enorme” de direitos.
“E de repente, alguém que recebe o mandato por milhões de pessoas coloca em risco o nosso sistema político de representatividade”.
Marcelo Bretas disse que a corrupção sistêmica pode ser comparada a genocídio, esse tema já está sendo discutido no Conselho de Direitos da ONU, em Genebra, visando alterar competência do Tribunal Penal Internacional e tornar a corrupção um crime contra a humanidade. “A gente não está falando de pouca coisa, não”. O assunto não interessa apenas ao Brasil, observou.
O juiz mencionou a morosidade e o tempo para execução da pena. O processo eletrônico vem ajudando a mudar esse cenário. O primeiro processo que recebeu de Curitiba, da Operação Lava Jato, tinha 160 mil folhas. Se isso tivesse sido em papel, representaria risco de impunidade, comentou. Falou também da contrariedade que sentiu quando percebeu que algumas pessoas estavam “festejando” o fato de o processo ter vindo para o Rio de Janeiro, onde entendiam que ele seria ”empurrado e nada vai acontecer”.
Bretas contou que quem está “muito contente” com a Lava Jato no Rio é o gerente da Caixa localizada no prédio da Justiça, que “nunca imaginou que teria tanto dinheiro no banco. E não para de entrar”. Informou que esta semana vão entrar na Caixa mais de R$ 10,6 milhões. “E semana que vem vai ter mais”. Afirmou que as pessoas estão avaliando que vale a pena resgatar o passado, parar de viver com medo, acertar a vida e poder dormir em paz (ABr).