Foto: Ana Nascimento/MDS/ABr As mulheres estão engravidando pela primeira vez tardiamente, o que aumenta a chance de surgir indicação de cesariana. |
A necessidade de reduzir as elevadas taxas de cesáreas é um dos temas em debate no 32º Congresso Mundial da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), que acontece no Rio de Janeiro. No Brasil, esses números não são novidade, disse ontem (15) o diretor da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Corintio Mariani Neto, ao alertar que, embora as taxas venham se mantendo estáveis nos últimos anos, ainda são muito altas.
Países como a Holanda, por exemplo, apresentam taxa média inferior a 15%, informou. Na Europa, a taxa alcança 25% e nos Estados Unidos, 32,8%. Segundo Mariani, alguns fatores contribuem para a alta taxa de cesáreas no país. A primeira é o desejo da paciente. Outro ponto é que as mulheres estão engravidando pela primeira vez tardiamente, o que aumenta a chance de surgir indicação de cesariana.
O obstetra que faz o pré-natal no Brasil fica disponível para a paciente 24 horas por dia até o momento do parto. “A cultura de assistência integral torna incompatível para um obstetra que faz dez partos por mês manter um consultório de grande movimento”, afirmou. “Estamos tentando aqui a inserção da enfermeira obstétrica, da obstetriz, para acompanhar o trabalho de parto quando não há intercorrência, o que diminuiria a necessidade de o médico obstetra estar presente durante todo o trabalho de parto”.
As maternidades brasileiras que participaram na segunda fase do Projeto Parto Adequado aumentaram em 8% o total de partos naturais em um ano, de acordo com resultados referentes a 2017, divulgados em abril. Cento e vinte e sete hospitais e 62 operadoras de planos de saúde participaram do esforço. Outro projeto é o Ápice On, para qualificar e ampliar a atenção obstétrica e neonatal em hospitais de ensino, universitários. O foco é o ensino adequado da residência obstétrica, como é praticada no mundo inteiro, disse Mariani. “A meta é que os novos obstetras saiam mais conscientes do que a geração atual” (ABr).