Lojistas podem terminar sem ter peças para atender consumidores em razão de uma
abordagem conservadora na reposição de estoques. Foto: Ed Alves/D.A Press
A demanda dos consumidores tende a reaquecer as vendas do varejo de moda no final do ano, mas pode esbarrar na falta de abastecimento das redes, na avaliação do diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado. “Vimos o setor freando compras dos fornecedores, mas a demanda pode ficar acima do que se espera”, comentou em coletiva de realizada pela Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit).
A projeção do Iemi é de crescimento de 1,8% nas vendas em volume no varejo de moda brasileiro em 2018. O resultado esperado é uma desaceleração ante os 8,1% de expansão em 2017 e depende de o setor ganhar fôlego no final do ano, depois de as vendas no primeiro semestre terem sido prejudicadas pela greve dos caminhoneiros. A avaliação de Prado, no entanto, é de que muitos lojistas podem terminar sem ter peças para atender os consumidores em razão de uma abordagem conservadora na reposição de estoques.
“No auge da crise econômica, o varejo se viu obrigado a reduzir estoques para diminuir custos. Isso vinha se recuperando aos poucos, mas o receio de um novo ambiente de crise faz aumentar o desabastecimento”, comentou. Na avaliação do pesquisador, houve uma expectativa frustrada de que o crescimento no início deste ano fosse melhor. Esse relativo desabastecimento do varejo no final do ano pode significar, no entanto, um cenário mais saudável para as vendas em 2019.
A expectativa de Prado é que o ano comece com as varejistas mais dispostas a elevarem estoques, o que estimula sobretudo a indústria nacional, dado o cenário de moeda brasileira depreciada. Para a produção de vestuário brasileira, a projeção do Iemi é de crescimento de 0,3% em volume de peças em 2018. O setor deve ter desempenho mais fraco que o do varejo por conta do papel que as importações tiveram ao longo do ano na composição do sortimento das lojas (AE).