Luis Tomasetti (*)
Passados dois anos desde o início da pandemia, é comum parar, refletir e relembrar como era a vida “normal” antes da Covid-19 chegar ao mundo, principalmente quando se trata do varejo, segmento que passou por tantas incertezas desde que tudo começou.
É fato que o e-commerce nos últimos dez anos vem apresentando bons números de crescimento ano a ano e que cada vez mais os consumidores buscam pela facilidade e comodidade das vendas digitais. Mas, apesar de ser algo “comum” no mercado brasileiro, foi mesmo com a pandemia que os consumidores se viram obrigados a realmente adotar este modelo de compras, uma vez que não podiam sair de casa nos primeiros meses.
Com a situação da pandemia caminhando para se estabilizar, não seria estranho que os clientes voltassem a hábitos antigos de consumo. Ou seja, estamos falando de pessoas que voltam a consumir nos ambientes físicos e, portanto, fazem com que as vendas online tenham uma desaceleração.
Isso é comprovado pela 7ª edição da pesquisa Consumer Pulse, que diz que as visitas às lojas físicas voltaram a crescer e hoje predominam com 60% contra 40% do online. Isso quer dizer que as pessoas não querem comprar online ou que o e-commerce está desacelerando? Não!
Costumo dizer que após um momento de pico muito alto, neste caso ocorrido pela situação pandêmica e por necessidade, é comum que público em geral sinta vontade de retomar as compras presenciais. Inclusive, a mesma pesquisa também revela que dois terços dos brasileiros realizam tanto compras online, quanto offline (adotaram o conceito omnichannel), o que indica que os canais são, de fato, complementares.
Com isso em mente, prova-se mais do que nunca que é necessário fazer o equilíbrio dos canais de vendas das empresas e, mais do que isso, a integração total das estratégias e a inovação dentro dos negócios.
E ainda vou além: para o varejo físico, é o grande momento de brilhar depois de dois anos tão difíceis com poucas pessoas na rua. Além disso, é o momento de analisar as novas necessidades, vontades e mudanças deste cliente que passou quase dois anos dentro de casa. Ou seja, fazer o que já era feito no período pré-pandemia já não vale mais. Inovar será essencial para sobreviver ao novo mercado!
Sendo assim, além das vendas híbridas que foram citadas anteriormente, é preciso também falar sobre o conceito de experience oriented, que nada mais é do que orientar as estratégias do varejo físico para a experiência do consumidor dentro da loja, pois é isso que diferencia do comércio online.
Desde a disposição de produtos, atendimento, inovações de conectividade em loja, integração com ambientes online, o que importa é fazer com que o cliente se sinta vislumbrado no ambiente físico. Duas grandes marcas estão se destacando e fazendo um trabalho realmente incrível neste sentido.
A primeira é a Amazon, que anunciou, em janeiro, que abrirá sua primeira loja física e que trará uma experiência totalmente integrada com o online que facilitará o consumidor durante a sua jornada dentro da loja. Com código QR Code para digitalizar peças e obter informações de tamanhos, cores, etc, o espaço terá as facilidades que os clientes buscam.
Além disso, também terá inovação na experimentação em provadores e pagamentos diretamente em caixa. Já a gigante Nike está de olho nas tendências do Metaverso, mirando em experiências de realidade virtual. Um teste já foi feito com alguns clientes que usavam óculos com lentes do Snapchat para mudar a roupa de seus avatares, por exemplo.
É claro que casos como os citados anteriormente são de gigantes do varejo e podem não valer para a maioria das empresas, uma vez que a maioria brasileira está enquadrada no segmento de PMEs. Mas, o que quero trazer à discussão é que independentemente do tamanho da nossa inovação, o mundo mudou e as pessoas mudaram junto.
As tendências não param de aparecer. E, nós varejistas, precisamos acompanhar para não morrer no mar. Na Passarela, por exemplo, é possível ir à loja física e, na hora das compras presenciais, também contar com toda a grade de produtos do nosso marketplace que disponibiliza mais de 50 sellers nas categorias de moda, beleza, acessórios e calçados.
E a sua empresa, está preparada para inovar na retomada?
(*) – Formado em Engenharia de Produção, é CEO da Passarela, marketplace especializado no segmento de moda (www.passarela.com.br).