O setor de farmácias de manipulação no Brasil se desenvolve impulsionado por pequenas e médias empresas onde 96,6% faturam menos de R$ 3,6 milhões ao ano – dado que confirma a predominância d empresas de pequeno porte e continua em crescente desenvolvimento.
Tais índices são comprovados pelo Panorama Setorial 2020, desenvolvido pela Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), entidade que representa institucionalmente o segmento e trabalha pelo desenvolvimento de toda a cadeia envolvida na promoção da terapia de saúde individualizada. O levantamento reafirma a tendência apresentada no último panorama setorial em 2018. E é possível que continuem assim neste ano, mesmo com a retração em boa parte da economia nacional, ocasionada principalmente pela pandemia de Covid-19.
Segundo o Panorama Setorial Anfarmag 2020, o setor de farmácias de manipulação somou R$ 6,96 bilhões de faturamento, com margem de crescimento relativo acima da inflação do país, de 2017 para 2019, de 5,8%, enquanto a evolução do PIB do Brasil foi de apenas 2,2% no mesmo período. Na comparação com a série histórica, enquanto o PIB do país caiu 4,2% de 2014 a 2019 em valores corrigidos pela inflação, o faturamento das farmácias de manipulação cresceu 10,8%.
O segmento manteve a constância de aumento no número de abertura de CNPJ – o que representa novas empresas ou filiais – e de geração de empregos. Os dados permitem apontar que, com ou sem crise econômica, o setor segue sólido, destacando-se no cenário econômico como um importante empregador.
O número de estabelecimentos presentes no segmento, isso é, o comércio varejista de produtos farmacêuticos com manipulação de fórmulas, totalizou 7.939 pontos de venda em 31 de dezembro de 2019, o que representa um crescimento de 6% em dois anos, já descontados os estabelecimentos baixados ou inativados no mesmo período, ou de 14,5% desde 31 de dezembro de 2014, quando foram registrados 6.936 CNPJ.
Os números indicam também expansão para regiões do país com percentual de representatividade menor, o que significa a consolidação de um modelo de serviço que se prova, cada vez mais, pertinente para a saúde e o bem-estar dos consumidores. Do total de empresas registradas com CNAE principal para a atividade de manipulação de fórmulas, 33% estão localizadas apenas no estado de São Paulo.
As regiões que apresentaram as maiores variações positivas nos últimos dois anos em relação a novos empreendimentos foram o Nordeste, com taxa de 20,7%, e o Norte, que registrou crescimento de 17,9%. O saldo corresponde às empresas abertas até 31 de dezembro de 2019 e que permaneceram ativas no primeiro semestre de 2020.
Do total de unidades de farmácias de manipulação apontadas pelo IBPT, 79,7% são de estabelecimentos “matriz” e, 20,3% de filiais. Nesse cenário, a região Sudeste responde por 56,1% de todas as empresas do setor no Brasil. A participação sobe para 58%, quando verificadas apenas as do tipo “matriz”.
A situação positiva do setor vai na contramão do momento de recessão pelo qual o país vem passando, com taxa de desemprego de 11,9% em 2019. Dados do Ministério do Trabalho mostram que, de 2017 para 2019, o número de empregados celetistas das farmácias de manipulação teve maior crescimento relativo na região Norte, com aumento de 11%, seguido pelo crescimento das regiões Centro-oeste (10,4%) e Nordeste (8,4%).
A empregabilidade do segmento na região Sul apresentou a menor variação, com a criação de 3,1% postos de trabalho. O Sudeste foi a região de maior participação no aumento de empregos do setor, com mais de 2.000 vagas criadas e representatividade de 59,5% sobre o volume total (3.431) de novos postos de trabalho formal no setor.
O farmacêutico e diretor executivo da Anfarmag, Marco Fiaschetti, destaca que as farmácias de manipulação têm características específicas que ajudam a explicar o crescimento em número de estabelecimentos e em faturamento. “Nossos associados trabalham com produtos individualizados, feito especificamente para a as necessidades daquele cliente, além de serem de baixa elasticidade, ou seja, na maioria dos casos, a aquisição do produto se faz pela preocupação com a saúde, o que torna essa atividade menos suscetível à paralisação do consumo ou à substituição.
Além disso, o público consumidor é formado por faixas com melhor poder aquisitivo”, diz. Isso ajuda a entender o porquê, mesmo em um período de elevação do desemprego e queda na massa de renda circulante na economia, do segmento ter se mantido em expansão. O profissional complementa dizendo que o produto manipulado é muito consumido pelas classes A e B, mas que a tendência é que a terapia individualizada se torne cada vez mais acessível.
“A capilaridade das farmácias de manipulação permite que o sistema público de saúde conte com profissionais especializados em todo o país, que podem suprir demandas de pacientes internados e de pacientes que precisam de cuidados em casa”, explica. O acesso a este tipo de medicamento deve aumentar no decorrer dos anos devido a busca por tratamentos personalizados, que incluem medicamentos e produtos manipulados desenvolvidos especificamente para cada paciente, considerando as suas necessidades individuais.
“Com a pandemia, famílias estão descobrindo que muitos medicamentos podem ser manipulados de acordo com suas necessidades ”, finaliza Fiaschetti.
Fonte e mais informações: (https://anfarmag.org.br/home).