O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a afirmar ontem (7), que o balanço de riscos atual para a inflação “não permite trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias”. Em evento promovido pelo Itaú BBA em São Paulo, ele lembrou que o impacto das ações do BC ocorre gradativamente. Tombini apontou que as perspectivas de inflação já começaram a melhorar e que o mês de fevereiro marcou o início do processo de declínio da inflação acumulada em 12 meses, o que foi corroborado pelo IPCA-15 de março.
“De agora em diante, os efeitos desinflacionários da política monetária tendem a preponderar”, afirmou. Segundo ele, nos próximos meses outros fatores levarão à desaceleração da inflação, como o hiato do produto maior do que o esperado e a distensão no mercado de trabalho, que tem se acelerado. Além disso, câmbio e realinhamento de preços administrados terão um impacto menor este ano do que tiveram em 2015. “É importante que os desdobramentos da política monetária sejam avaliados por ótica prospectiva”, ressaltou.
Tombini afirmou que “o Banco Central não se furtará em adotar as medidas necessárias para assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas”. Ou seja, “circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017”. Ele destacou que a despeito da perspectiva de menor repasse cambial para os preços, maior abertura do hiato do produto e ambiente externo com tendência de menor crescimento, o balanço de riscos para a inflação permanece desafiador.
“Assim, entendo que os riscos inerentes ao comportamento das expectativas e das taxas de inflação, combinados com a presença de mecanismos de indexação na economia brasileira e de incertezas quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição, não nos permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias”. Citou também o programa de swaps cambiais e também os leilões de linha realizados pela instituição, afirmando que o BC tem agido sempre que necessário, mas mantendo o regime de câmbio flutuante.
Ele reforçou que o BC acumulou um colchão de reservas internacionais e atuou de forma consistente com esse mecanismo. Além disso, criou um programa de swaps cambiais, liquidado em reais, que é voltado à manutenção da estabilidade financeira. Deixou claro ainda que a situação das contas externas brasileiras melhorou muito mais rápido do que se esperava e que a projeção atual é de superávit de US$ 40 bilhões na balança comercial este ano, com déficit na conta corrente estimado em US$ 25 bilhões. “O regime de câmbio flutuante atuou como primeira linha de defesa para nossos termos de troca”, afirmou (AE).
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