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Reservas e conta externa reduzem risco de Brasil não honrar compromissos

em Manchete Principal
segunda-feira, 21 de março de 2016

Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon.

O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Tony Volpon, afirmou ontem (21), em Kyoto, no Japão, que o ajuste cambial no Brasil, a melhora das contas externas e o elevado nível das reservas internacionais diminuem o risco de calotes pelo País. Ele não usou o termo calote, mas disse que os fatores listados por ele são uma “poderosa combinação” que diminuí o risco de o Brasil não honrar o que deve aos investidores estrangeiros, o que, por usa vez, tem servido como um contraponto às incertezas fiscais.
A fala de Volpon ocorreu durante palestra no “35th Central Bankers Seminar (CBS)”, organizado pela Nomura Securities. Essa visão positiva que os estrangeiros podem ter em função do ajuste nas contas externas, no entanto, não reduz a necessidade de uma consolidação fiscal no País. “Ter mais tempo para fazer o que é necessário não pode ser confundido com o não ter que fazer o que é preciso”, disse em referência a dificuldade do Brasil em resolver os problemas nas contas públicas. Para ele, o ajuste fiscal é o único que está atrasado e, na sua avaliação, quando feito trará impactos para o crescimento por meio do canal da confiança.
Volpon afirmou que o ajuste nas contas externas evitou “algum tipo de crise financeira” no Brasil. Segundo ele, a melhora dessas contas, apesar da recessão e das dificuldades políticas e fiscais, “é um dos motivos de não ter se registrado o que geralmente acompanha os processos de ajuste em muitos países emergentes: algum tipo de crise financeira”. Durante palestra do evento organizado pela Nomura Securities, ele afirmou ainda que, apesar de alguns avanços, o desempenho econômico do Brasil desapontou em 2015.
Ele tentou ainda ser otimista e disse que, sem diminuir os problemas pelos quais o Brasil têm passado, a visão de que não foi feito progresso em 2015 está errada. Além do ajuste no câmbio e nas contas externas, ele vê a redução dos “custos unitários do trabalho” como favoráveis ao Brasil.
Sem citar o processo de impeachment em andamento da presidente Dilma Rousseff e as incertezas políticas geradas em função da Operação Lava Jato e que têm paralisado o Congresso Nacional, ele afirmou que as incertezas no Brasil são “essencialmente não-econômicas”. “Uma redução da incerteza, que no Brasil é essencialmente de natureza não-econômica, poderia haver um impacto surpreendentemente rápido no crescimento econômico”, ponderou (AE).