A redução nos salários e as demissões já provocam um retrocesso de três anos no nível da massa de rendimento dos trabalhadores, afirmou o coordenador de Trabalho de Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. No primeiro trimestre deste ano, a massa de rendimentos somou R$ 173,45 bilhões, queda de 4,1% ante igual período de 2015. “Isso já significa um retrocesso de três anos na massa de rendimento”, afirmou.
Uma massa de rendimento no patamar de R$ 173 bilhões foi observada pela última vez no segundo trimestre de 2013, de acordo com os dados da Pnad Contínua. O pico ocorreu no trimestre até janeiro de 2015, aos R$ 182,2 bilhões. O dado representa a soma dos rendimentos de todos os trabalhadores. Hoje, o número de trabalhadores no Brasil está diminuindo, e o País já tem 11,089 milhões de desocupados, um recorde na série iniciada em 2012. Em apenas um ano, 1,384 milhão de pessoas perderam o emprego, o que contribui para a retração na massa de rendimentos, com consequente perda no poder de compra dos brasileiros.
A esperada efetivação de trabalhadores temporários no início do ano não aconteceu em 2016, afirmou Azeredo. Com isso, 2,016 milhões de pessoas engrossaram a fila de desemprego apenas na passagem do quarto trimestre de 2015 para o primeiro trimestre de 2016. “A efetivação de trabalhadores temporários não ocorreu neste ano, pelo contrário. Foram dispensadas mais pessoas do que foram contratadas no fim do ano”, disse. A prova de que a efetivação não ocorreu é a demissão de 1,606 milhão de pessoas no período analisado, segundo dados da Pnad Contínua. Embora demissões sejam um comportamento comum no início de cada ano, Azeredo notou que neste ano foi diferente.
“A população ocupada caiu além do que costuma cair nesta época”, afirmou o coordenador. No primeiro trimestre de 2015, o número de ocupados havia recuado 0,9% ante igual período do ano anterior. Entre janeiro e março de 2016, no entanto, a queda foi de 1,7% no mesmo tipo de confronto. As demissões foram generalizadas. Entre o quarto trimestre de 2015 e o primeiro trimestre de 2016, a indústria dispensou 645 mil, o comércio demitiu 280 mil e a construção fechou 380 mil vagas. A administração pública (que inclui defesa, seguridade social, educação e saúde) também contribuiu com a extinção 299 mil postos. Outros setores também demitiram, embora em menor quantidade.
A dispensa de 1,606 milhão apenas no período de um trimestre é recorde na pesquisa, assim como o aumento de 2,016 milhões no número de desocupados no primeiro trimestre deste ano ante os últimos três meses de 2015 (AE).
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