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Queda de juros e uso de novas tecnologias impulsionam mercado da construção civil

em Manchete Principal
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Para 2020, as expectativas para o setor da construção civil são aumentar o número de lançamentos utilizando tecnologias que ofereçam agilidade e economia 2020 será o ano da retomada da construção civil. Com a baixa dos juros e a facilidade em abrir créditos bancários, aliado ao crescimento do PIB brasileiro, o setor imobiliário vem aquecendo e as expectativas de novos lançamentos já são evidentes nas incorporadoras. A taxa Selic, taxa básica de juros no Brasil, está no patamar de 4,5% ao ano, o menor percentual desde 1999.

Segundo dados dos Indicadores Imobiliários Nacionais, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no último trimestre de 2019 os lançamentos apresentaram um aumento de 4,1% em relação ao trimestre anterior do mesmo ano e 23,9% na comparação do mesmo período de 2019. Já as vendas, aumentaram em 15,4% e a oferta final apresentou uma queda de 2,6%, ambos em relação ao mesmo trimestre de 2018.

Setor imobiliário sai do fundo do poço e deve impulsionar economia em 2020. Foto: revistaconstrua.com/reprodução

Existem diversos fatores que estão contribuindo para a retomada do mercado imobiliário. Na visão de Raphael Chelin, engenheiro civil e co-fundador da Celere – startup e consultoria de eficiência em construção civil – entre os principais fatores estão as reformas trabalhistas e da previdência, que aumentaram a confiança dos investidores, baixa dos juros e também o fim da crise que já vinha desde 2013, que fez com que as incorporadoras diminuíssem o número de lançamentos e vendessem apenas os estoques.

“Durante este período de crise, tanto incorporadoras quanto investidores, seguraram novos lançamentos pela insegurança da demanda que, do ponto de vista do projeto, já eram viáveis”, explica.

E muitas incorporadoras já sentem os efeitos da retomada. A CRB Construtora é um exemplo. Para este ano, a previsão é lançar mais cinco empreendimentos de alto padrão nas cidades de Campinas e Sorocaba, no interior de São Paulo, onde a incorporadora atua.

“Acreditamos que 2020 marca o início de um novo ciclo de prosperidade para o setor no país”, afirma Gerson Reche, diretor de engenharia da CRB Construtora. Além dos lançamentos, a CRB também irá aumentar as contratações neste ano. “Temos a convicção do crescimento e abertura de novas oportunidades de trabalho em praticamente todas as áreas da empresa”, comenta.

Procura por plataforma de tecnologia aumentou 100% no segundo semestre de 2019

A confiança do empresário da construção é a maior em dez anos. Foto: Internet/Divulgação/Reprodução

Para atender a demanda dos lançamentos, a CRB Construtora apostou na plataforma Budget Analytcs, da Celere, que irá trazer mais agilidade e economia para acelerar as obras dos novos empreendimentos. “A plataforma nos interessou por apresentar dois quesitos importantes para o nosso segmento: agilidade no mapeamento das informações e praticidade no gerenciamento desses dados. Estamos sempre atentos às novidades disponíveis no mercado e que possam otimizar nossos resultados”, ressalta Gerson, da CRB.

Segundo Raphael Chelin, da Celere, desde o segundo semestre de 2019, as vendas da empresa aumentaram em 100% devido a procura pela plataforma. A startup desenvolveu a ferramenta com o objetivo de oferecer às incorporadoras uma análise mais detalhada, rápida e precisa de todas informações contidas nos projetos de empreendimentos, a partir do uso de tecnologias que fazem a estruturação e o tratamento de dados. A análise dos dados gerados pela plataforma tem contribuído com redução do custo de construção, em média, de até R$ 100 por m2.

“Estamos com uma expectativa alta devido à combinação do aumento da demanda por nossas soluções e ao amadurecimento de nossa marca e produtos. Isso deve fazer com que nossa estrutura também aumente, para continuar atendendo os clientes com a mesma qualidade. Antes da crise, praticamente tudo tinha que ser feito ‘dentro de casa’. Nesse período, antigas funções deram lugar a novos profissionais, novas soluções e novas empresas”, diz.

“As empresas que tiverem capacidade e habilidade em se estruturar, não necessariamente com contratação de funcionários, mas através de uma rede de parceiros com diversas soluções inovadoras e mais produtivas em áreas específicas, terão enormes vantagens nessa retomada. Elas diminuirão o tempo de treinamento e de ajuste de processos”, complementa. Fonte e mais informações, acesse (www.celere-ce.com.br).

O que esperar do mercado imobiliário em 2020

Daniele Akamine (*)

Após um longo período de vacas magras, o mercado imobiliário brasileiro vive, novamente, um bom momento.

A cidade de São Paulo, por exemplo, vem se transformando em um canteiro de obras, com novos empreendimentos surgindo em todas as regiões. Dados da CBIC mostram que houve um aumento de 23,9% no volume de lançamentos no País no terceiro trimestre na comparação ao mesmo período do ano anterior. As vendas também tiveram uma alta expressiva, de 15,4% no mesmo período. São números que, sem dúvida, refletem uma recuperação do setor depois de uma estagnação de quase 5 anos.

Mas o que podemos esperar para 2020? É importante ressaltar que o mercado imobiliário depende de um tripé composto por taxa de juros baixas, confiança do consumidor e emprego em alta, além da segurança jurídica nas operações. Experimentamos em 2019 a menor taxa do crédito imobiliário desde o início da série histórica. Se, de 2015 a 2017, os juros alcançavam os dois dígitos, hoje eles estão na casa de um dígito e muito competitivos.

Para se ter uma ideia, os financiamentos do programa Minha Casa (MCMV) são oferecidos com taxas de 8,472% ao ano para clientes com renda entre R$ 4 mil a R$ 7 mil e de 9,555% para clientes com renda entre R$ 7.000,01 e R$ 9 mil. Já no SFH, os bancos privados têm oferecido taxas a partir de 7,3%a.a. A Selic, taxa básica de juros, caiu 4,5% no final de 2019, menor patamar da história desde que o Copom foi criado, em 1996.

Ela influencia diretamente os juros do crédito imobiliário, embora seja somente um dos componentes do chamado spread bancário – 85% se referem à atividade em si, sendo que, desse total, os custos associados à inadimplência correspondem a 37%; as despesas tributárias, regulatórias e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a 23%, e os gastos administrativos a 25%.

Precisamos de uma política pública capaz de gerar empregos e, mais do que isso, empregos formais. A tão celebrada reforma trabalhista, aprovada há dois anos, ainda não mostrou a que veio nesse aspecto.

A concorrência entre os cinco maiores bancos que atuam no mercado brasileiro também está acirrada. A Caixa, que detém uma fatia de cerca de 70% do mercado imobiliário, anunciou duas reduções das taxas de juros, numa tentativa de fazer frente às instituições privadas.
A importância da queda na taxa de juros cobradas pelos bancos pode ser analisada mais de perto com base em um estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias: para cada ponto percentual de redução nos juros imobiliários, pelo menos 2,8 milhões de famílias passariam a ter condições de contratar crédito.

No caso dos imóveis de médio alto padrão, isso significa um aumento de 20% no número de famílias elegíveis para ter acesso ao crédito.
Marcos regulatórios como a Lei do Distrato corroboram com o aquecimento do mercado, pois trazem segurança às partes. Nesse caso específico, a segurança decorre justamente do fato de que regulamenta os casos de distrato, bem como o percentual a ser devolvido e o prazo para tal.

Outro fato importante para o setor foi a alteração recente na lei que torna automática a adesão de pessoas físicas e jurídicas ao Cadastro Positivo. Esse cenário favorece o bom pagador na obtenção de crédito e reduz o risco do superendividamento, além de possibilitar uma gama maior de informações na hora da concessão do financiamento. O Cadastro Positivo é sem dúvida um importante fator no processo de bancarização de uma parcela da população que hoje está fora do mercado de trabalho formal, podendo permitir que tenham acesso ao crédito imobiliário.

A maioria dos indicadores reflete, portanto, um cenário de otimismo para este ano. Mas existe uma ponta desse tripé que precisa ser equalizada e cujo cenário ainda não está tão claro: a geração de emprego. Segundo dados do Caged, o Brasil gerou 157.213 vagas formais em setembro, o melhor dado para o mês desde 2013; no entanto, o País ainda tem 12,5 milhões de desempregados e 38,8 milhões de pessoas na informalidade – o que representa 41,4% da população ocupada.

Precisamos de uma política pública capaz de gerar empregos e, mais do que isso, empregos formais. A tão celebrada reforma trabalhista, aprovada há dois anos, ainda não mostrou a que veio nesse aspecto. O ano de 2020, como mencionamos, começa com boas perspectivas para o setor imobiliário. No entanto, para concretizar essas perspectivas, precisamos equalizar, além da questão do emprego, o orçamento dos recursos do FGTS, visto que este terá o menor volume de recursos da história.

Projetos que liberem indiscriminadamente o uso do Fundo, assim como a exclusão da multa de 10% no caso de rescisão do contrato de trabalho, impedem o avanço do programa Minha Casa, que, ao longo dos anos de tormenta, foi o único programa resiliente, proporcionando algum alento à economia nos anos de recessão. O mercado imobiliário parece ter, finalmente, encontrado o caminho da retomada. Mas é preciso evitar as armadilhas de simplesmente ignorar os entraves que ainda existem. Caso contrário, cometeremos os mesmos erros do passado.

(*) – É sócia da Akamines Advogados e Negócios Imobiliários e especialista em Economia da Construção Civil (www.akamines.com.br).