As unidades de conservação da Amazônia brasileira podem sofrer supressão de mais de 6,5 milhões de hectares – área equivalente a 7,8 milhões estádios de futebol como o Maracanã – caso sejam aprovados os projetos de impacto ambiental que estão em tramitação no País.
O alerta é de um relatório divulgado ontem (15), pela WWF, Ong ligada ao meio ambiente. Segundo o documento, desde 2005 tem havido um “aumento drástico” na frequência de atos legislativos promulgados para “rebaixar de categoria, reduzir o tamanho ou retirar por completo a proteção legal” das unidades de conservação.
Esses projetos se referem, principalmente, à implementação de barragens para usinas hidrelétricas e à construção de rodovias no território amazônico. Atualmente, está em estudo a estruturação de duas usinas hidrelétricas na Amazônia: a de São Luiz do Tapajós, prevista para começar a operar em 2021, e a de Jatobá, com inauguração estimada para 2023, ambas no Pará. Juntas, respondem por 70% de toda a geração de energia hidrelétrica que o governo pretende implementar nos próximos dez anos.
Projetos como esses, avalia a WWF, ameaçam a integridade dos ecossistemas, suas espécies e os bens e serviços ecológicos que o bioma oferece, podendo minar sua capacidade de estabilizar e regular os padrões climáticos regionais e globais. “Pressões múltiplas e interligadas decorrentes de interesses econômicos dos países da região e do resto do mundo têm provocado uma transformação sem precedentes”, destaca o texto.
Segundo a pesquisa, estão em curso no Brasil cerca de 250 projetos de construção de barragens na bacia hidrográfica amazônica – o que pode trazer impactos “catastróficos” às espécies de peixes – e mais de 20 propostas de novas rodovias, as quais “devem levar a um rápido aumento do desmatamento com base em experiências anteriores”. A WWF identificou 31 frentes de desflorestamento que avançam em “todas as direções” da Amazônia, prejudicando o desenvolvimento sustentável da região, baseado na economia florestal.
Conforme aponta o relatório, a agricultura e a pecuária geram graves impactos ao bioma e ao clima e, por isso, são consideradas “as maiores forças de transformação da Amazônia atualmente”, seja em grande ou pequena escala (AE).
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