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‘Prévia da inflação’ reforça aposta de mais cortes de 0,75 ponto na taxa de juro

em Manchete Principal
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
A surpresa foi espalhada pelo índice Alimentação, Habitação, Artigos de Residência e Vestuário que tiveram taxas mais baixas que o projetado.

A surpresa foi espalhada pelo índice Alimentação, Habitação, Artigos de Residência e Vestuário que tiveram taxas mais baixas que o projetado.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de janeiro surpreendeu mais uma vez ao mostrar resultado aquém do previsto pelo mercado apesar de ter acelerado na margem de 0,19% para 0,31%, a menor taxa para o mês da série histórica do IBGE. Essa persistência da inflação em níveis comportados reforça a percepção de que o processo desinflacionário continua em curso, tornando cada vez mais factível que o IPCA feche na meta de 4,5% este ano.
O dado também corrobora a manutenção do ritmo de corte da Selic em 0,75 ponto porcentual, conforme os analistas, mas as constantes surpresas positivas podem contribuir para aumentar o debate em torno de uma flexibilização monetária ainda mais intensa. “Mais uma vez um resultado de inflação surpreende o mercado. Tratou-se da décima surpresa consecutiva em cinco meses (IPCA-15 e IPCA)”, diz, em relatório, o Banco Safra, que calcula que as surpresas positivas acumularam 0,59 ponto porcentual de alívio neste período.
O resultado favorável decorre, segundo Flávio Serrano, economista-sênior do Haitong, de um conjunto de informações positivas em diversos grupos que compõem o indicador, que mostraram aceleração menor ou desaceleração maior que a prevista. “A surpresa foi espalhada pelo índice Alimentação, Habitação, Artigos de Residência e Vestuário que tiveram taxas ligeiramente mais baixas que o projetado, assim como a média dos núcleos”, diz.
O economista Marco Caruso, do Banco Pine, destaca a alta menor que a esperada no grupo Alimentação e Bebidas e estima que os alimentos devem continuar contribuindo para o processo desinflacionário. Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, menciona que a recessão prolongada tem esticado o efeito da atividade baixa na inflação. O alívio consistente no IPCA fica ainda mais claro ao olhar a taxa acumulada em 12 meses, avalia o economista Daniel Gomes da Silva, do Modal Asset Management. Em 12 meses, o IPCA-15 apresentou desaceleração relevante de 6,58% para 5,94%. O alívio em serviços subjacentes é outro sinal da desinflação disseminada, acrescenta Caruso, do Banco Pine.
Esse conjunto de elementos, na visão dos economistas, aumenta a possibilidade de a inflação oficial fechar o ano no centro da meta. “É claramente um bom indício”, diz Serrano, que atualmente projeta 4,8% para a inflação do ano. A Modal Asset já estima que o IPCA de 2017 deve atingir o limite de 4,5%. A perspectiva positiva para o cenário de inflação ajuda o BC na tarefa de promover a flexibilização monetária (AE).