A prévia da inflação oficial registrou forte desaceleração na passagem de fevereiro para março. O IPCA-15 passou de 1,42% para 0,43%, sob forte contribuição da redução na conta de luz e de alguns produtos alimentícios, como tomate e batata, informou ontem (23), o IBGE. A taxa de inflação acumulada em 12 meses voltou a ficar abaixo dos 10% (9,95%) pela primeira vez desde outubro. Analistas concordam que o resultado corrobora a expectativa do Banco Central de redução da inflação ao longo do primeiro semestre, mas divergem sobre um possível corte na Selic ainda em 2016.
“Já estava contratada essa desaceleração da inflação no primeiro semestre. Mas isso reforça o discurso de que os juros estão altos, que começam a afetar a inflação, e aumenta a pressão pela antecipação da redução da Selic, porque a atividade econômica estará patinando”, opinou Marcel Caparoz, analista da RC Consultores. Ele espera um corte na Selic possivelmente em outubro. “Mas será (um corte) muito marginal, a Selic passa de 14,25% ao ano para 14%”, previu ele.
“Provavelmente, a inflação em 12 meses irá para perto de 8,00% em meados de junho. Porém, não dá para dizer que irá na direção que o BC gostaria, que ficará abaixo de 6,50% (este ano)”, ponderou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, o freio na inflação é bem-vindo, mas não chega a provocar mudança na condução da política monetária, pelo menos por enquanto. O BC ainda deve optar por deixar a Selic inalterada por mais algum tempo, dado o cenário incerto da crise política e da política fiscal, diz o economista.
“O BC está com um discurso de cumprimento da meta (centro, de 4,5%) e isso está longe de acontecer, não só em 2016 como nos anos seguintes. Pensando nesse sentido, até por conta do (cenário) político, acho que vai esperar para ver. Pode ter alguma sinalização (de mudança) se o fiscal mostrar alguma melhora”, afirmou Vale.
Passado o choque climático, os alimentos subiram menos em março, e o impacto do reajuste das mensalidades escolares também ficou quase todo para trás. “No IPCA-15 de março, 71,5% dos itens pesquisados tiveram alta de preços. A média histórica para o mês é de 64,1% dos itens com elevação de preços. Então tem muitos itens com preços subindo agora, mas nenhum deles puxando muito forte a inflação”, notou Caparoz (AE).
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