“Estamos cheios de dinheiro e cheios de vontade de emprestar”, disse na sexta-feira (18) o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, na abertura do seminário ‘Desafios e Oportunidades para o Crédito’, realizado pela Fiesp. “Nossa economia está em estado grave, mas nós estamos pensando nas ações certas e numa postura de transparência e diálogo”, disse Oliveira. “Vamos entrar numa nova era. A era dos juros baixos”, completou.
Para ele, as empresas vivem um processo de desalavancagem. “Sabemos da necessidade de melhoria das condições de financiamento. Estamos fazendo a digitalização do banco, que vai ser mais ágil e mais flexível. Vamos oferecer mais alternativas”. Oliveira citou como exemplo uma linha com taxa fixa de 10% ao ano, segundo ele, sem “semelhante no mercado”, e lembra que as linhas tradicionais do banco continuam disponíveis. “Não se assustem se o banco ligar para vocês para oferecer alguma oportunidade”.
Outro alvo da atenção do banco são os prazos de financiamento. “O nosso prazo de financiamento à inovação foi ampliado de 12 para 20 anos e estamos pensando na ampliação dos prazos para não comprometer o fluxo de caixa das empresas”. O segundo vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, apresentou uma pesquisa sobre acesso aos financiamentos: “A indústria é um setor crucial para a economia. A estimativa é a de que 1% de crescimento na manufatura responda por 1,1% de crescimento na economia”.
De acordo com a pesquisa da Fiesp, 49% das médias empresas industriais nem tentaram operar com o BNDES. “Alguns países têm políticas ambiciosas para o desenvolvimento da indústria 4.0, como França, Alemanha, Estados Unidos”, explicou Roriz Coelho. “No Brasil, investir não dá retorno”. Segundo a pesquisa, o setor é o que mais produz e difunde inovações, respondendo por 70% dos gastos com pesquisa e desenvolvimento no setor privado.
Mesmo diante de tanto potencial, o ambiente de negócios é desfavorável para as indústrias, avaliou Roriz Coelho. “O Brasil está em primeiro lugar no ranking das maiores taxas de juros reais, spread bancário, volatilidade cambial e burocracia tributária, entre outras variáveis”, disse. Já o chamado Custo Brasil responde por 26,5% do total do preço dos produtos. “Entre 1995 e 2016 a indústria chegou a representar apenas 11,9% do PIB brasileiro”, lembrou Roriz (ABr).
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