Nova York – A atividade econômica do Brasil se contraiu em ritmo mais profundo que o esperado por conta da contínua queda da confiança de empresários e consumidores, em meio à piora do ambiente político, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um documento para a reunião do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, que acontece hoje (4) e amanhã (5), na Turquia, chamado “Perspectivas Globais e Desafios de Política Econômica”.
O necessário ajuste fiscal e monetário conduzido pela equipe econômica de Dilma Rousseff em meio aos baixos níveis de confiança dos agentes deve seguir enfraquecendo a demanda doméstica, afetando o investimento, que tem declinado de forma rápida, ressalta o documento. O FMI chama atenção para o fato de que a manutenção da queda do preço das commodities no mercado internacional, provocada pela moderação do ritmo de crescimento da China, também está afetando o Brasil e outros países da América Latina. A região pode ter o quinto ano consecutivo de crescimento decepcionante.
Com a economia brasileira pressionada, tanto pelo cenário externo mais adverso, como pelo ambiente doméstico mais complicado, sobretudo em Brasília, o FMI destaca no relatório que o real sofre forte desvalorização. Entre julho e agosto, foi a terceira moeda que mais perdeu valor, atrás das divisas da Rússia e da Turquia. Uma das receitas para o Brasil voltar a crescer recomendadas no documento do FMI é que o governo de Dilma Rousseff tome medidas para melhorar o ambiente de negócios, incluindo reformas estruturais, o que ajudaria a recuperar a confiança dos agentes na economia.
O FMI volta a sugerir que o Brasil faça reformas, como na educação e no mercado de trabalho, para aumentar a competitividade e a produtividade. O FMI deve atualizar as projeções para a economia mundial em outubro, quando faz sua reunião anual, que desta vez será em Lima (Peru). No dia 6 de outubro serão divulgadas as novas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial e de diversos países. Nos últimos números divulgados pelo FMI sobre o Brasil, em julho, a previsão era de que o PIB brasileiro fosse recuar 1,5% este ano e ter expansão de 0,7% em 2016.
Os riscos de curto prazo para a piora do crescimento da economia mundial aumentaram nas últimas semanas, sobretudo para os países emergentes, afirma o FMI. O principal risco é a desaceleração da China, que tem forte capacidade de contágio na economia mundial, podendo reduzir o comércio internacional e provocar queda adicional dos preços das commodities. Outro risco é uma valorização adicional do dólar em meio ao processo de alta de juros pelo Federal Reserve (AE).
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