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O futuro é fintech. Mas qual o futuro das fintechs?

em Manchete Principal
terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Bruno Loiola (*)

Que o mundo está se tornando cada vez mais digital já sabemos. De acordo com pesquisa da Febraban de Tecnologia Bancária 2021, o mobile banking é o principal canal para movimentações financeiras, com uma porcentagem de 64%. E mais: 9 a cada 10 contratações de crédito foram realizadas em canais digitais.

Lá fora, o movimento se acelera a cada dia. O poder da tecnologia para gerenciar finanças saltou de 58% para 88% em 2021, segundo o estudo The Fintech Effect, da Plaid. Todos esses dados representam uma realidade em disrupção: o futuro que estamos construindo é fintech. Mas, afinal, o que exatamente é fintech?

Fintechs são instituições financeiras que fazem uso da tecnologia, seja para construção de um aplicativo, software ou qualquer outra tecnologia que dê ao usuário o poder de gerenciar suas finanças digitalmente. Então, com a digitalização, todos os bancos são fintechs? Não.

Fintechs surgem já em um cenário online, além de possuírem diferenciais competitivos muito mais atraentes para os usuários, como soluções mais simples, menos burocráticas, com menores custos e taxas, além de ofertas mais personalizadas e contextuais.

No Brasil, atualmente temos em torno de 1.289 fintechs, segundo o estudo Inside Fintech da Distrito. Entre 2016 e 2022 foram criadas 513 novas fintechs. E cada dia mais players de fora do mercado financeiro entram no ecossistema fintech, como é o caso da Gol, com a fintech de crédito Pagol, e a Unimed, com a Unimed Pay, com produtos como maquininha de cartões e antecipação de recebíveis.

Dentro desse cenário em crescimento, quais são as tendências para as fintechs nos próximos anos?

Imagem: Jirsak_CANVA

. Inclusão social e financeira – É impossível falar de fintechs sem citar a ampliação do acesso a produtos e serviços financeiros. Um exemplo disso são plataformas de empréstimo digital que ajudam pessoas de baixa renda sem histórico de crédito ou baixa pontuação de crédito a acessarem uma concessão mais justa e adequada.

Ainda, temos como exemplo plataformas de investimento que se preocupam em tornar a vida de investidores facilitadas, tratando ainda em seu escopo de educação financeira e ensinando os primeiros passos para começar a investir. Com isso, há uma redução de barreiras para que toda população possa ter acesso a empréstimos, investimentos, poupanças e muito mais, de forma mais facilitada.

Segundo dados do Banco Central, o número de brasileiros bancarizados chegou a 182,2 milhões em dezembro de 2021. É claro que a adoção de smartphones e o acesso à internet foi um fator importante, mas também o surgimento de empresas com um foco em tornar a experiência e a concessão de produtos facilitada.

E isso deve aumentar a cada dia, com fintechs ainda mais focadas em promover experiências simplificadas, com gestão e produtos financeiros cada vez mais tangíveis e transparentes.

. Onipresença das finanças – Já ouviu falar em Embedded Finance? Um exemplo bem bacana para entender na prática as finanças incorporadas é o case da Uber, que também demonstra a importância de ouvir e entender seu usuário. No momento de cadastro de motoristas, eles perceberam que havia muita desistência na inclusão de dados bancários, pois parte desses eram desbancarizados.

E a solução foi criar uma conta para a pessoa automaticamente, com base nos outros dados inseridos. E ainda havia a opção de fornecer ao usuário a possibilidade de utilizar outra conta de sua preferência. Isso prova como o mercado como um todo está percebendo uma tendência ao Embedded Finance, para melhorar a jornada dos seus usuários.

Imagem: Melpomenem_CANVA

As finanças incorporadas integram soluções financeiras em ofertas de negócios não financeiras. Embora seja um fenômeno em ascensão, não é novidade: as lojas de móveis oferecem planos de pagamento ou linhas de crédito para grandes compras há décadas.

Esse tipo de serviço está se expandindo a cada dia, e por vezes nem percebemos. E isso é uma grande oportunidade não apenas para empresas, como também para consumidores, aumentando a conveniência e a economia, com empréstimos com taxas muito menores, juros que chegam a zero ou recompensas.

De acordo com o relatório de pesquisa da Plaid e da Accenture, as finanças incorporadas têm o potencial de criar novos tipos de concorrência, uma nova era de parcerias e, acima de tudo, novos fluxos de receita. Há aqui a possibilidade de as empresas aumentarem a receita de duas a cinco vezes por cliente.

O que estamos observando é uma grande fusão em que as barreiras entre os mundos digital e físico se tornam muito mais intangíveis, oferecendo às fintechs a capacidade de se moverem entre elas, unificando carteiras digitais e físicas, por exemplo.

(*) – É cofundador e CGO da Pluggy (https://pluggy.ai/).