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Mercado Livre de Energia: como reavaliar as ferramentas de gestão empresarial frente ao novo desafio?

em Manchete Principal
segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Claudio Wagner (*)

O protagonismo do mercado livre de energia no setor elétrico brasileiro, segue avançando. Agora mais, com a publicação realizada no dia 28 de setembro, no Diário Oficial da União, da Portaria Normativa n° 50/GM/MME, que anunciou a abertura da comercialização da modalidade no país. Certamente, o momento é visto com euforia por parte das empresas ligadas à geração e comercialização de energia.

Por sua vez, diante de um cenário promissor de crescimento, torna-se ainda mais fundamental alinhar estratégias operacionais, para se manter ativo na competição desse mercado. A medida anunciada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) prevê que, a partir de 2024, os consumidores que se enquadrem no Grupo A, independente do seu nível de consumo, poderão comprar energia elétrica de qualquer provedor.

Com essa liberação, estima-se que, aproximadamente, 106 mil novas unidades consumidoras empresariais passarão a estar aptas em migrar para essa modalidade. Precisamos enfatizar que o mercado livre de energia já tem 27 anos de idade. E, diante das grandes oportunidades de expansão com a sua abertura, manter moldes de gestão desatualizados como o uso de planilhas acessórias para gestão empresarial, pode colocar em risco o desempenho da empresa.

Tendo isso em vista, não é difícil encontrar diversas opções disponíveis no mercado, que “garantem” dar resultados rápidos após a implementação. Sobretudo, cabe o alerta: é importante separar o “joio do trigo” na hora de escolher o ERP (Enterprise Resource Planning). Ou seja, antes de aderir uma ferramenta, é necessário levar em conta aspectos essenciais na aquisição que, de fato, irão atender as necessidades da empresa – tais como gerenciamento, módulos de controle de contabilidade, fiscal, vendas, serviços, entre outros.

E, em se tratando do setor de comercialização de energia, cujo qual, tem suas considerações e particularidades, qualifico os pontos mínimos na sua escolha de um verdadeiro ERP.

  1. – Cobertura dos processos – o software precisa garantir o máximo de cobertura das operações, aglutinando as funções vitais da organização, evitando a necessidade de complementação por outros sistemas e que preferencialmente evitem a proliferação das “salvadoras da pátria” – as famosas planilhas.
  2. – Atender as funcionalidades críticas – o ERP deve ter a capacidade de integração com sistemas especialistas bem como atividades vitais, como conciliação de serviços bancários. Mas também outras específicas, como encontro de contas, tão normais em operações no mercado livre de energia.
  3. – Escala e desempenho – é crucial que o sistema acomode com folga o potencial de crescimento do mercado livre que agora desponta, atendendo com performance o hoje e o amanhã – tendo em vista a projeção de crescimento de consumidores na escala de centenas de milhares.
  4. – Visibilidade da posição financeira – o preço da energia tem características de oscilação às vezes muito bruscas e importantes – condição inerente à maior ou menor disponibilidade de recurso energético na nossa matriz elétrica brasileira. Deste modo, ações rápidas e muitas vezes em tempo real, vão precisar ser tomadas, por exemplo, condições de mercado que exijam reação a questões de quebra de contratos ou potenciais inadimplências.
  5. – Extensibilidade e personalização – um sistema que é engessado, inflexível, não atende a dinâmica da modalidade. Por isso, o ERP precisa ter múltiplas camadas de acesso a ele, permitindo flexibilidade para ampliação de funcionalidades e adaptação aos processos específicos da sua empresa. Em palavras mais simples, o sistema precisa ser capaz de se adaptar à sua empresa e não o contrário.
  6. – Capacidade de integração – toda empresa que atua nesse segmento, tem o seu sistema especializado ou dedicado para atender partes específicas da operação. Um exemplo são os softwares ETRM (Energy Trading and Risk Management), que dentre outras funções controlam seu “book” e sua posição, assim, o seu ERP tem que suportar de forma completa a integração com os esses sistemas.
  7. – Emitir relatórios do simples ao complexo – de nada adianta a empresa crescer, sem que haja o devido acompanhamento próximo das normais dores oriundas desse crescimento. Para isso, o software de gestão precisa ter capacidade ampla de emissão de relatórios, para eventuais consultas, mas primordialmente ajudando nas tomadas de decisão.

Ademais, além dos tradicionais relatórios, a disponibilidade de visualizações dos KPIs (key performance indicators) em tempo real, em uma interface com usuários totalmente configurável, na linha de “web clients”, é altamente desejada.

  1. – Licenças – o ERP deve ter um sistema de licenciamento que atenda as características dos profissionais atuais que exercem múltiplas funções dentro de das organizações, não os limitando ou segregando acesso por conta de licenças inflexíveis ou limitadas.

Mesmo diante da gama de funcionalidades que envolvem a aquisição de um ERP, ainda lidamos com o desafio de que muitos veem isso como um gasto, e não um investimento para garantia do compliance na empresa. Aqui, cabe uma singela reflexão – afinal, se você gestor, acha que é caro ter compliance experimente o custo de não o ter.

Deste modo, para os gestores de empresas que ainda não decidiram aderir a um ERP eficiente, a sugestão é que não se alonguem mais. A abertura do mercado livre de energia revela um momento promissor de ganhos e benefícios, que exige uma verdadeira readequação dos moldes de gestão, livre das amarras caseiras de improvisação.

Mas lembre-se, o caminho até pode ser longo, mas haverá sempre uma luz guiando em cada passo rumo a expansão e crescimento.

(*) – É executivo de contas da G2, consultoria especializada em SAP Business One (https://g2tecnologia.com.br/).